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Evolução da adoção do RPKI: avanços em direção à segurança de roteamento
17/09/2025
Por Erika Vega
A Infraestrutura de Chave Pública de Recursos (RPKI) se tornou um pilar fundamental para garantir a validade criptográfica dos anúncios BGP e evitar incidentes como o sequestro de rotas. Em um estudo recente preparado para o LACNIC (em espanhol), fornecemos uma visão geral detalhada de como essa tecnologia evoluiu tanto no mundo quanto na América Latina e o Caribe, revelando um progresso sustentado, mas também desafios persistentes.
1. Tendências globais: crescimento sustentado e desafios operacionais
Entre 2019 e 2025, a adoção global do RPKI mostrou um crescimento acelerado:
IPv4: rotas válidas passaram de 14,39% para 51,14%, um aumento de mais de 400% em termos absolutos.
IPv6: rotas válidas passaram de 20,19% para 57,01%, um aumento de mais de 900% em rotas válidas em termos absolutos.
(Acesso livre, não requer assinatura)
Evolução RPKI Global – IPv4
Evolução RPKI Global – IPv6
Paralelamente, as rotas não encontradas (sem ROA) diminuíram drasticamente:
Evolução RPKI Global – IPv4
Evolução RPKI Global – IPv6
Paralelamente, as rotas não encontradas (sem ROA) diminuíram drasticamente:
IPv4: de 85,13% para 42,21%
IPv6: de 79,04% para 36,22%
O “cruzamento” entre rotas válidas e não encontradas ocorreu em 2024 para o IPv4 e um ano antes para o IPv6, demonstrando que a comunidade técnica adotou mais rapidamente a validação no novo protocolo.
No entanto, o estudo alerta para um aumento de rotas inválidas:
IPv4: de 0,48% para 6,65%
IPv6: de 0,77% para 6,76%
Esse fenômeno reflete desafios no gerenciamento e na atualização correta de ROA, principalmente em ambientes de validação em massa.
2. América Latina e o Caribe: uma transformação marcante
Nas Américas como um todo (que inclui a América do Norte, América Central, Caribe e América do Sul), o progresso é notável:
IPv4
Rotas válidas: de 9,89% (2019) para 46,10% (2025), com crescimento de mais de 500%.
Rotas não encontradas: de 89,81% para 52,33%.
Rotas inválidas: sempre abaixo de 7%, com tendência de queda.
IPv6
Rotas válidas: de 16,56% para 60,87% (+1200% em termos absolutos).
Rotas não encontradas: de 82,99% para 34,92%, uma redução mais acentuada que no IPv4.
O cruzamento entre rotas válidas e não encontradas ocorreu em 2024, um ano antes que no IPv4.
América do Sul: lidera a adoção regional do IPv4, atingindo 58,61% de rotas válidas e conseguindo o cruzamento com as não encontradas em 2024. No IPv6, chega a 55,91%, com redução sustentada de rotas não encontradas.
América Central: apresenta o crescimento mais consistente e estável globalmente, com 53,21% de rotas válidas no IPv4 e recorde histórico no IPv6 (76,97% em 2024).
Caribe e América do Norte: no IPv6, ultrapassam 50% de validação antes que no IPv4, mas apresentam picos de rotas inválidas que exigem atenção operacional.
Comparação Rotas Válidas IPv4: Global vs. LATAM
Comparação Rotas Válidas IPv6: Global vs. LATAM
Comparação Rotas Não Encontradas IPv4: Global vs. LATAM
Comparação Rotas Não Encontradas IPv6: Global vs. LATAM
4. Chaves e desafios futuros
O progresso do RPKI nos últimos seis anos demonstra que:
A conscientização e treinamento técnico foram cruciais para o crescimento sustentado.
O IPv6 está avançando mais rápido que o IPv4 em termos de validação, confirmando seu papel como o principal protocolo na segurança de roteamento.
A redução de rotas não encontradas é um dos indicadores mais claros de progresso, mas o aumento de rotas inválidas é um lembrete de que o gerenciamento operacional dos ROA continua sendo um desafio fundamental.
Comparação Rotas Inválidas IPv4: Global vs. LATAM
Comparação Rotas Inválidas IPv6: Global vs. LATAM
Conclusão
A região da América Latina e o Caribe está em um momento crucial: fez progressos comparáveis aos líderes globais em apenas alguns anos, mas a consolidação dessa posição exigirá práticas aprimoradas de gerenciamento e atualização dos ROA, bem como manter um foco proativo no treinamento técnico dos operadores de rede. O caminho para um ecossistema BGP mais seguro já foi traçado; o desafio agora é passar por isso sem deixar nenhuma lacuna.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.