Uma viagem de anos: o caminho do RFC 9660

12/12/2024

Uma viagem de anos: o caminho do RFC 9660

Por Hugo Salgado (edição LACNIC)

O processo de padronização no mundo da tecnologia, realizado por meio dos Grupos de Trabalho de Engenharia da Internet (IETF), é complexo, fascinante e muitas vezes leva anos. Esse foi o caso do RFC 9660, uma proposta que introduz uma nova opção no DNS para rastrear a origem dos dados.

A minha experiência nesse processo deixou muitos desafios e aprendizados, que acredito que poderiam ser úteis para quem pensa em se envolver em iniciativas semelhantes no IETF.

Os inícios

Há cinco anos apresentei pela primeira vez a ideia do que mais tarde se tornaria o RFC 9660. Na época, tinha um propósito claro: solucionar uma necessidade operacional no ecossistema DNS. Eu o compartilhei em meu nome, buscando feedback nos grupos do IETF. Um ano depois, a proposta tomou forma graças aos valiosos comentários da comunidade, permitindo que fosse formalmente apresentada e posteriormente adotada.

Ao longo do caminho, aprendi que esse tipo de projetos não envolve apenas habilidades técnicas (elaboração de projetos), mas também de relacionamentos humanos. O apoio e o entusiasmo de outros revelaram-se essenciais. Foi graças às redes de confiança e amizade construídas na comunidade do IETF que a minha proposta começou a ganhar força.

Os operadores e o IETF

(Acesso livre, não requer assinatura)

Desde meus anos de participação no IETF, entendi que os operadores desempenham um papel fundamental na adoção de ideias. No caso do RFC 9660, sua utilidade prática ficou evidente para aqueles que operam a infraestrutura DNS. Isto, juntamente com o apoio de pessoas chave dentro da organização, abriu o caminho para que a proposta fosse seriamente considerada.

Mauricio Vergara, ex-colega e colaborador, foi fundamental no processo. Embora eu não tenha participado das reuniões do IETF quando lancei a ideia, ele apoiou a proposta nas listas de discussão e reuniões presenciais, agindo como uma espécie de “lobista técnico”. A interação pessoal nos corredores e as reuniões informais que Mauricio realizou nos encontros presenciais do IETF foram decisivas para convencer as pessoas do valor da proposta. No IETF, uma boa ideia nem sempre funciona por si só; precisa de uma estratégia e comunicação eficaz.

Finalmente, quase no final do processo, Duane Wessels, engenheiro sênior de pesquisa da Verisign, juntou-se à equipe de autores, quem contribuiu de forma muito valiosa para a edição, principalmente na língua inglesa, e para a coesão final. Além disso, sua experiência como autor de diversos RFC foi crucial para avançar nas etapas finais de revisão e edição junto à IANA, organização responsável por realizar a publicação final do documento.

As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.

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