RDAP: razões para optar por uma alternativa superior ao Whois

20/11/2024

RDAP: razões para optar por uma alternativa superior ao Whois
Imagem assistida/criada por IA

Por Carlos Martinez Cagnazzo, Gerente de Tecnologia do LACNIC

Antes mesmo de surgir o conceito de RIR, já existia a necessidade de manter um registro de quais endereços e quais recursos, de forma geral, eram atribuídos a cada organização conectada à Internet. De fato, no início, havia uma única pessoa responsável por essa tarefa, razão pela qual se tornou famosa: Jon Postel.

Jon Postel era um pesquisador que trabalhava na Universidade da Califórnia e estava profundamente envolvido com a Internet. Sua função era manter uma lista de quais endereços IPv4 e domínios DNS estavam atribuídos e a quem. Naquela época, Postel era o registro de tudo, tanto de nomes quanto de números. Literalmente, a princípio, ele anotava os registros em um quadro negro, que mais tarde evoluiu para um caderno. Eventualmente, ele conseguiu financiamento para contratar uma secretária, que também acabou ganhando sua própria fama com o tempo.

É curioso, mas houve um tempo em que as funções que hoje conhecemos como IANA eram desempenhadas por Jon Postel e sua secretária. Eles registravam os endereços e publicavam periodicamente o estado do cadastro. A forma como o restante da comunidade consultava os endereços envolvia revisar a última versão publicada ou ligar para eles e perguntar diretamente.

Vale destacar que, com o tempo, o registro de Postel e sua secretária se diversificou: por um lado, o registro de DNS foi separado, dando origem ao que hoje conhecemos como ICANN, e começaram a surgir as regiões responsáveis pela atribuição de números. A primeira a surgir foi a RIPE, seguida pela APNIC, ARIN e, anos depois, o LACNIC e o AFRINIC.

Os problemas do protocolo mais antigo da Internet

As tarefas realizadas por Postel e sua secretária foram o precedente do serviço Whois, um sistema distribuído de consultas de informações sobre recursos da Internet que permite obter dados sobre o proprietário de um nome de domínio ou de um endereço IP na Internet.

A questão é que desde o início, não era um sistema prático nem escalável. Em algum momento, alguém teve a ideia de criar uma maneira mais eficiente de realizar consultas, e foi assim que surgiu o protocolo Whois. Embora ambos tenham o mesmo nome, uma coisa é o serviço de consulta ao registro e outra é o mecanismo ou protocolo utilizado para realizar essa consulta.

(Acesso livre, não requer assinatura)

O protocolo Whois é provavelmente o protocolo mais antigo da Internet ainda em uso e funciona de uma maneira muito básica, elementar e limitada, utilizando um formato de texto. Em particular, no LACNIC, chamamos de Whois de porta 43 porque ele opera na porta 43 do TCP.

Cada um dos cinco registros administra seus endereços e, por isso, cada um oferece um serviço Whois para consultar o estado do registro. O que acontece? O protocolo é tão limitado que dificulta implementar de maneira razoável o que seria uma expectativa comum de qualquer pessoa conectada à Internet: saber quem possui determinado endereço. Quem faz a consulta é obrigado a saber qual dos cinco registros administra o endereço IP em questão para consultar o respectivo Whois, quando o ideal seria perguntar em um único lugar e receber uma única resposta.

Como no Whois da porta 43 não há uma maneira razoável de fazer isso, foi implementada uma série de hacks para que fosse possível perguntar a um dos cinco registros e obter as respostas dos outros. No entanto, como isso não resolveu o problema, surgiu a necessidade de um mecanismo melhor para consultar o registro, que é o que será o RDAP (Registration Data Access Protocol).

As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.

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