Atualmente, a implemetação do IPv6 na América Latina está na média dos 30%. Imagem: reprodução
Webinar promovido em parceria com a DPL News reuniu especialistas destes setores na Argentina, no Brasil e Panamá para falarem de suas estratégias para implementação do novo protocolo de internet.
Além de não ser uma questão de simples solução, a implementação do IPv6 vai além de uma decisão governamental: depende da atuação de diferentes agentes sociais, mudança de mindset e muita educação sobre o tema; aspectos que foram bastante frisados no webinar “Quem deve participar da implementação do IPv6?” promovido pela LACNIC na tarde desta quarta-feira, 19. Casos estratégicos e de boas práticas foram apresentados por representantes de setores como governo, telcos e universidades do Panamá, da Argentina e do Brasil, respectivamente.
“Mais do que desejável, a implementação do IPv6 hoje é necessária e estratégica, uma vez que possibilita a conexão entre todos os dispositivos e pessoas, maior rastreabilidade e suporte do tráfego de internet”, explicou Oscar Robles, diretor da LACNIC.
Lançado em 2012, o IPv6 é a versão mais recente do chamado Internet Protocol, o protocolo padrão usado para a comunicação entre todos os computadores ligados à internet. Além de permitir a contínua expansão da internet, o IPv6 corrige falhas de segurança da versão anterior, o IPv4, e possibilita que novos serviços digitais sejam desenvolvidos.
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Atualmente, segundo Robles, sua implementação na América Latinaestá na média dos 30% com destaque para o Brasil, México e Uruguai próximos aos 50% em seus territórios, enquanto outros países da América Central e Caribe, estão muito abaixo da média da região.
Panamá e a implementação pelo governo
Zueline Aguilar, da AIG Panamá (Autoridade Nacional para a Inovação Governamental), falou sobre como chegar ao processo de transição do IPv4 para o IPv6 nos órgãos públicos. Atualmente esse processo no Panamá está em 2% e Aguilar reforça que estão seguindo um planejamento para alcance de metas pré-estabelecidas e estrategicamente alinhadas com o plano Panamá Digital. Para tal, ela destacou quatro razões pelas quais o governo entendeu a importância da implementação do IPv6 para impulsionamento tecnológico do país.
“Em primeiro lugar, é preciso apresentar a necessidade e seus benefícios para o futuro. Já sabemos que o endereço de IPv4 está esgotado desde 2019, o que limita o desenvolvimento e a inserção da banda larga 5G, uma vez que essa tecnologia exige melhores recursos para conectividade. Em termos de país, temos que estar preparados”, disse.
Atualmente, segundo Robles, sua implementação na América Latinaestá na média dos 30% com destaque para o Brasil, México e Uruguai próximos aos 50% em seus territórios, enquanto outros países da América Central e Caribe, estão muito abaixo da média da região.
Panamá e a implementação pelo governo
Zueline Aguilar, da AIG Panamá (Autoridade Nacional para a Inovação Governamental), falou sobre como chegar ao processo de transição do IPv4 para o IPv6 nos órgãos públicos. Atualmente esse processo no Panamá está em 2% e Aguilar reforça que estão seguindo um planejamento para alcance de metas pré-estabelecidas e estrategicamente alinhadas com o plano Panamá Digital. Para tal, ela destacou quatro razões pelas quais o governo entendeu a importância da implementação do IPv6 para impulsionamento tecnológico do país.
“Em primeiro lugar, é preciso apresentar a necessidade e seus benefícios para o futuro. Já sabemos que o endereço de IPv4 está esgotado desde 2019, o que limita o desenvolvimento e a inserção da banda larga 5G, uma vez que essa tecnologia exige melhores recursos para conectividade. Em termos de país, temos que estar preparados”, disse.
Outras razões apresentadas foram a possibilidade de oferecerem aos cidadãos serviços mais inovadores; criar um mercado mais eficiente para melhorar a economia digital; e também educar os agentes e colaboradores do setor público, para uma visão mais moderna de país.
“No Panamá há muitas entidades interessadas na implementação do IPv6; nós mesmos, enquanto governo, criamos essa necessidade. Agora vemos a aproximação da academia que quer criar alguns convênios conosco para criação de cursos técnicos de curta duração, para formação na área”, complementou.
Brasil e a importância das universidades
Já no Brasil, esse processo se inicia pela ordem inversa, de baixo para cima, e dentro das academias, como salientou o cientista da computação e analista de redes da Unicamp (Universidade de Campinas), Henri Alves Godoy. “Enquanto universidade pública e sermos uma entidade que não visa lucro, é que de fato enxergamos a implementação do IPv6 como uma necessidade sobretudo em níveis competitivos. Como nós somos da área técnica, partiu de nós apresentar aos diretores e reitores da universidade a necessidade dessa transição”.
Um pouco mais crítico sobre a questão, o especialista reforçou que além da importância da formação de mão de obra para área, é preciso criar a cultura de que o IPv6 seja o protocolo padrão e não se acomodar com o dual stack (ou pilha dupla), tecnologia que permite que dispositivos e roteadores sejam equipados com pilhas (stacks) para ambos os protocolos, IPv6 e IPv4, sendo capazes de enviar e receber os dois tipos de pacotes de dados.
“Este ano, falando sobre nossas pesquisas, entendemos que a modalidade da pilha dupla é a mais utilizada e mais prática hoje em dia, mas temos que continuar evoluindo. Penso que não podemos nos acostumar a esse modelo para sempre, e a evolução parte justamente para, aos poucos, retirarmos de nossa rede o protocolo IPv4.” concluiu.
IPv6 nas telecomunicações na Argentina
No âmbito das operadoras, a transição passa pela avaliação de variantes como custos, melhoria para os clientes e claro, melhor competitividade e lucro. Sergio Bustamante, gerente de sites e permissões da Telecom Argentina, reforçou que a adoção do IPv6 nas teles é necessária se o setor e as operadoras individualmente quiserem ter uma posição mais confortável tecnologicamente falando e continuarem a ser escolhidas pelos consumidores.
“Percebemos que as soluções de rede com este protocolo são mais simplificadas e que os custos de aquisição e manutenção de equipamentos NAT (Network Address Translation), para conversão de endereços IPv4, são bem mais altos”, declarou. Bustamante destacou ainda, em concordância com os demais painelistas, o discurso da falsa sensação de cibersegurança que o IPv4 traz que, por sua vez, é uma “desculpa” muito utilizada por governos de diferentes países para tomar medidas de segurança massiva.
Em complemento, Henri Godoy endossa que o uso de firewalls é necessário tanto em um protocolo quanto no outro.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.