LACNIC 39 Operadoras devem se preparar para o streaming ao vivo
19/05/2023
Por Efrén Páez Jiménez para DPL News
Mérida, Yucatán.- A transmissão de vídeo via streaming tornou-se um dos principais geradores de tráfego nas redes de telecomunicações. Porém, nem todo o vídeo é igual e a transmissão de eventos ao vivo implica uma maior pressão para as redes que pode se resolver mediante acordos de interconexão a IXPs e CDNs, coincidiram os especialistas da indústria durante o Peering Fórum, nas atividades do LACNIC 39.
Flavio Luciani, diretor de tecnologia de Namex, IXP instalado em Roma, afirmou que o setor se enfrenta a uma importante transformação digital, ao transitar desde a distribuição de eventos ao vivo via satélite até a distribuição de conteúdo ao vivo mediante redes da Internet que, sem dúvidas, terá um impacto relevante sobre o ecossistema e a infraestrutura.
Na Itália, DAZN tornou-se um dos principais distribuidores de eventos esportivos mediante streaming, onde adquiriu os direitos para o futebol da Série A, enquanto a Amazon Prime Video conseguiu adquirir os direitos para a transmissão da UEFA Champions. Além disso, há outros serviços ao vivo como Twitch, onde os streamers podem atingir um número relevante de assinantes durante as temporadas esportivas.
Derivado de um estudo realizado por Namex entre provedores de serviços italianos, 60 por cento dos entrevistados apontou que efetivamente registra um aumento do tráfego durante a transmissão das partidas de futebol, embora 40 por cento assinalou que aumenta de forma significativa ou até mesmo dobra. Principalmente para as grandes operadoras o tráfego pode aumentar até 30 por cento em eventos com muita audiência.
Dentre os principais desafios desta transição encontra-se que o tráfego tende a aumentar significativamente durante certos períodos, fazendo com que as operadoras estejam numa encruzilhada, investir em maior capacidade, arriscando ficar ociosa pelo resto do ano ou recorrer a outras opções, como pontos de troca de tráfego (IXP) ou conexão com redes de entrega de conteúdo (CDN).
Durante sua intervenção, Luciani indicou que esta transição é espetacularmente complexa para as operadoras menores, as quais conseguiram atender este aumento de tráfego, recorrendo os IXPs, enquanto as maiores podem dar conta do tráfego mediante cache proprietário de DAZN instalado em suas próprias redes.
Acrescentou que, à medida que a oferta e a demanda de eventos ao vivo aumentar, será reportado um impacto maior sobre o tráfego da Internet, que não atingirá apenas as operadoras, mas também os usuários que poderão reportar fraqueza no sinal, instabilidade ou pouca definição.
Alejandro Guzmán, vice-presidente de infraestrutura de rede global de Fastly, relatou que os eventos esportivos a nível nacional, como o Super Bowl nos Estados Unidos ou a copa de cricket na Índia, geram tráfego para o qual é muito difícil planejar a sua capacidade, já que não dá para saber com exatidão como vai se comportar, nem onde esse tráfego vai se concentrar ou o quanto poderá aumentar.
Nesse sentido, explicou que os provedores de serviço podem possuir enlaces preparados com CDNs como Fastly para enfrentar a volatilidade deste tipo de tráfego, que lhes permita ao mesmo tempo incrementar de forma gradual sua capacidade conforme a demanda por eventos esportivos aumentar.
A importância dos IXP e a troca de tráfego
A instalação de IXPs e a assinatura de acordos de troca de tráfego (peering) permitiria uma melhor administração do crescente tráfego da Internet, bem como melhorar a qualidade dos serviços para os consumidores, apontaram representantes da indústria durante o Peering Fórum.
O peering é a interconexão voluntária entre redes para troca de tráfego de maneira direta sem passar pelo trânsito IP, a qual pode realizar-se através de um Ponto de Troca de tráfego ou IXP ou através de conexão direta para volumes de tráfego muito altos entre peers.
Em relação a isso, Salvador Bertenbreiter, CEO de PIT Colômbia, explicou que os acordos de peering entre provedores de serviços IXP ou CDNs são importantes porque têm um impacto positivo sobre as redes da Colômbia, seja para reduzir o custo por gigabit ou para melhorar a latência de certos serviços e descentralizar o tráfego da Internet.
Por exemplo, o tráfego de Cartagena já não teria que se servir principalmente desde os Estados Unidos, como faz atualmente, mas sim poderia ser atendido mediante acordos de peering que mantenham o tráfego local, incrementem a largura da banda nacional e reduzam significativamente o custo por não terem que transitar tráfego IP:
O diretivo relatou que fundou PIT para facilitar a assinatura destes acordos entre diferentes partes, com a proposta de criar hubs de conexão que sirva para provedores menores mas que também possa ser útil para as operadoras maiores.
Um dos principais pontos de troca da companhia está em Bogotá, onde estará presente em três centros de dados, e espera finalizar o ano com mais de 10 PoPs (Edge Points of Presence). Tem capacidade de portos de 10G, 40G, 100G e até 400G, além de suporte para o IPv4 e o IPv6.
Por outro lado, durante o painel Ecossistema de Peering e Interconexão no México, representantes de companhias como a Netflix e Arelion coincidiram na importância de contar com IXPs no México para incentivar o compartilhamento de conhecimentos e de tráfego no interior do país. Entrentanto, consideraram que ainda é importante demonstrar às operadoras o que o IXP faz e quais são as vantagens de sua conexão.
*Nota originalmente publicada em DPL News
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