A exitosa trilha da Telecom Argentina para o IPv6
10/05/2023
Outubro de 2023. Esse era o mês previsto pelos engenheiros da Telecom Argentina para o esgotamento definitivo dos endereços IP (versão 4) em todas as empresas que integram um dos maiores conglomerados das telecomunicações desse país.
Dois anos antes, as equipes técnicas de Transformação da Rede da Telecom acionaram seus alarmes e desenharam um projeto com o intuito de implementar o endereçamento IP versão 6 na modalidade dual stack, naquelas redes e serviços da organização que pudessem suportá-lo. Este caminho era o único meio de manter a sustentabilidade do negócio.
A iniciativa abrangeu todos os serviços e redes, incluindo os sistemas associados que suportam o funcionamento e a operação com o IPv6, detalhou Sergio Bustamente do Escritório de Transformação da Rede na Telecom, (link ppt) durante sua apresentação no LACNIC 39.
O principal desafio do projeto era diminuir o impacto do esgotamento do endereçamento IPv4 e implementar IPv6, direcionado principalmente aos negócios de maior crescimento.
O Campus do LACNIC facilitou o caminho da Telecom para o IPv6, confessou Bustamante. “Nos apoiamos muito no LACNIC, na sua área de TI e nos diferentes cursos do seu Campus sobre o IPv6 para treinar nossos técnicos”, afirmou o manager argentino.
Telecom sabia que para continuar crescendo e oferecer novos serviços – principalmente com a Internet das Coisas, redes de fibra residencial e a rede 5G no horizonte – devia mudar para o IPv6. A organização vinha de uma fusão muito grande (Telecom e Cablevisión) e focou-se em apenas um plano de numeração designado aos serviços.
“Primeiro apresentamos a necessidade ao nosso managment. A chave era monitorar as diversas áreas da organização e adicionar os diferentes produtos e serviços. Foi então que resolvemos: vamos tratar de fazê-lo no menor tempo e com o menor impacto econômico possível”, comentou Bustamante.
Como o projeto foi encarado? A associação entre técnicos e desenvolvedores comerciais da Telecom permitiu focar-se na implementação do IPv6 nas redes às quais a companhia ia centralizar seus planos de negócio, acompanhando o mercado.
Como foi implementado? A área de formação da Telecom entrou em contato com o LACNIC para realizar cursos de forma massiva no seu staff, facilitando assim o processo de aprendizado. Então, cerca de 100 técnicos e profissionais da Telecom participaram dos cursos do IPv6 (básico e avançado). “A certificação (aderida este ano pelo Campus do LACNIC) incentiva muito a transitar pelo Campus porque dá o aval do conhecimento adquirido”,
Para o desenho do plano, também recorreram ao decálogo para migração do IPv6 de Jordi Palet e, o adaptaram à linguagem Telecom.
Durante 2021, uma vez montado o plano de numeração IPv6, contaram também com o apoio de Alejandro Acosta, coordenador da área de I+D do LACNIC.
Por que uma comunidade técnica? Durante o desenvolvimento e a implementação do plano em 2022, a Telecom criou uma comunidade com equipes de trabalho “agile cross” orientadas a resolver a problemática, evoluindo “todos” os “serviços” para que fossem utilizados endereçamentos IPv6, “cada membro desta comunidade adotou metodologias ágeis, potenciando a autonomia, conseguindo flexibilidade e celeridade na resposta, moldando o projeto e seu desenvolvimento às circunstâncias específicas do momento, consolidando-nos como equipe e como comunidade”, acrescentou o funcionário da Telecom. Células que trabalham de forma independente e de vez em quando interagem e se sincronizam em cerimônias para compartilharem avanços e eventuais soluções das dificuldades.
No processo de transformação foram envolvidos todos os sistemas, serviços, plataformas, dispositivos e equipes de redes da Telecom. “O projeto é verdadeiramente cross e impacta em toda a companhia”, especificou Bustamante.
Segurança desde o princípio? Desde o começo, a equipe de segurança corporativa da Telecom esteve integrada ao projeto. Possuir essa equipe alinhada ao plano foi fundamental, acrescentou Bustamante, porque não é a mesma coisa fazer segurança sobre o IPv4 que sobre o IPv6. Inclusive durante o processo foi detectada uma falha de segurança em um modelo que a Telecom tinha implementado com tráfego IPv6, foi corrigida e após isso, foi possível continuar com o crescimento.
Outro tema destacado do processo foi que todas as operadoras, OTT e CDNs, com as quais a Telecom se interconecta, tiveram endereçamento IP versão 6. “Trabalhamos com as operadoras e as CDNs com as quais nos conectamos e configuramos nosso transporte para interagirmos com eles em IPv6”, apontou Bustamante.
Telecom atingiu 1,2 milhão de clientes com IPv6 no final de 2022, atualmente essa cifra cresceu para 3,5 milhões de clientes, principalmente da rede móvel (com 7% do uso dos serviços). “Neste ano, nosso objetivo é disponibilizar 30% da nossa rede de IPv6”, concluiu o especialista da Telecom.
Confira a apresentação completa aqui