IPv6 em empresas: Como explorar oportunidades de negócio

11/04/2023

IPv6 em empresas: Como explorar oportunidades de negócio

Por Carlos Ralli Ucendo, chairman do IPv6 Council Espanha.

A adoção do IPv6 pode supor para as empresas um impedimento e custos extra necessários para continuar operando, sem nenhum retorno a nível de negócio. O mais importante é começar o quanto antes, levar em conta os benefícios que trará consigo e as lições para uma evolução eficiente.

Por que o IPv6 pode ser um bom negócio? As regras do jogo da Internet estão mudando; e, no caso do IPv6, podemos de fato aplicar a teoria da evolução de Darwin: Sobrevivem as empresas e as organizações que se adaptam melhor às mudanças. Se não começarmos agora com o IPv6, estaremos desenvolvendo plataformas que não suportarao novas funcionalidades e que em breve ficarão obsoletas.

As empresas que terão vantagem competitiva são aquelas focadas na inovação. No IETF (Internet Engineering Task Force, grupo de trabalho onde são fixados os padrões da Internet) todas as inovações estão sendo definidas com o IPv6.

Como por exemplo, os novos desenvolvimentos da IoT (Internet das Coisas) nos lares que funcionam apenas com o IPv6. Há também gigantes tecnológicos que utilizam unicamente IPv6 para seus dispositivos domésticos, mediante os padrões Matter e Thread/6LowPAN.

Também terão vantagem as que aplicarem inovação na automação das redes através de segmentação IP. O IETF definiu um mecanismo de extremo a extremo (SRV6) que permite segmentar inclusive o host na nuvem. Nesses casos temos de utilizar IPv6 sem outra alternativa possível.

Outro exemplo é a web 3.0 que identifica ativos digitais que podemos transacionar. Há um grupo de trabalho – Blockchain BSV- que aposta em transações peer to peer sem intermediários, baseado apenas no IPv6. É por isso que possuir IPv6 significa apostar em inovação e soluções emergentes.

Valor agregado. Todas essas empresas gerarão suficientes eficiências, valores agregados ou vantagens competitivas que permitirão identificar esta evolução como uma oportunidade, também a nível de negócio. Isto não vai cair do céu, muito pelo contrário, supõe correr riscos para explorar o novo modelo de primeira mão e desenvolver a vantagem competitiva primeiro.

Como já foi dito antes, trata-se de seguir, definitivamente, o modelo do IETF, quando decidir desenvolver o IoT Internet para redes em malha (mesh) de baixa potência (LowPANs) apenas com o IPv6 e não com o IPv4.

Já em 2015, empresas como Meta/Facbook identificaram que é mais eficiente e lhes permite inovar melhor uma rede corporativa, implementando, praticamente, apenas o IPv6 (90% naquele momento, 100% hoje em dia), conforme aparece descrito no artigo que está no rodapé deste diagrama para a Internet Society (ISOC).

Fonte: ISOC-2015: Facebook News Feeds Load 20-40% Faster Over IPv6 – Internet Society

Foram de fato, os primeiros em perceber e anunciar que os celulares ativados com IPv6 navegavam em seus serviços. Outros atores chave, como a Microsoft, também seguiu essa mesma trilha de somente-IPv6.

Fonte: IPv6 Council UK

É difícil quantificar o prejuízo que uma empresa pode ter por não implementar o IPv6. Nas áreas de IoT do lar, todos as grandes empresas, estão se adaptando ao padrão IPv6. Nesta área, ficamos por fora da aliança dos mais importantes. O custo de ficar fora é muito alto. Quanto mais tarde fizer a migração, maior será o custo devido aos investimentos em sistemas e plataformas que precisarão de adaptação.

Como melhorar o seu negócio, implementando IPv6? Deve ter uma raiz comum, a formação dos recursos humanos e a transversalidade da organização. Somente se as equipes de estratégia de negócio e de marketing compreenderem o IPv6 a organização poderá triunfar. Não se deve deixar de lado as equipes técnicas para lutar pelo IPv6. A empresa deve estar ciente de que não apenas se trata de um endereçamento, mas sim de que o próprio IETF está seguindo a trilha do IPv6 no tocante a inovação. Evitar o custo de soluções intermediárias é crucial (por exemplo, o uso de tradutores de endereços, o uso de endereços privativos ocultos, a compra de endereços IPv4 a brokers, etc).

Se conseguimos esclarecer onde estarão as oportunidades, podemos levar em conta os seguintes tópicos:

  • Os novos ecossistemas serão IPv6-ready ou IPv6-only. Como já vimos, nos casos de IoT do lar e segmentação de redes WAN, não faz sentido perder recursos em compatibilidade, voltando para trás e limitando assim as funcionalidades, bem como gerando custos.
  • A escalabilidade é um ponto chave. Conforme a AWS está demonstrando, com o IPV4 dá para resolver tudo, mas em algumas ocasiões prejudica a equação escala-custos, por isso é conveniente ir a modelos somente-IPv6, mesmo que as interações restantes sejam dual-stack.
  • A conectividade de extremo a extremo, com a qual foi desenhada a Internet, permitiu a inovação de múltiplos serviços. A existência de NATs acarretou o desenvolvimento de tecnologias complexas (NAT-traversal) para serviços P2P.
  • A distribuição absoluta das interações e recursos (P2P aplicado a modelos como blockchain) e da computação (Edge Computing) vai requerer de uma arquitetura de microserviços que sem estarem todos na nuvem (Cloud Computing), serão distribuídos em nós intermediários (Edge Computing) e terminais de usuário (low-code. No-code user generated servers). Este modelo distribuído e altamente interativo é possível explorá-lo apenas em entornos IPv6-only, abrindo mão de qualquer limitação derivada da interação com elementos IPv4.
  • Os modelos de serviços no lar e pequenas empresas podem evoluir com arquiteturas de Edge Computing, disponibilidade de dezenas de sub-redes e milhões de endereços públicos para terminais e segmentações de qualidade ou filtração diferenciado às interações bidirecionais ou não desses elementos.
  • A arquitetura de segurança da Internet será impactada pelo uso na prática de protocolos e mecanismos novos ou com nível menor de testagem, bem como pela diminuição de NATs, maior uso de endereçamento público, alterações das técnicas de adicionamento e filtração, ultra escalabilidade do IoT e redes IP mesh, etc. Isso tudo requer de uma atenção que muitos especialistas e empresas de segurança não podem oferecer hoje em dia.
  • Finalmente, com a aceleração da adoção a nível corporativo haverá maior demanda de perfis de especialistas em IPv6, em todas as áreas descritas neste artigo, bem como a criação de recursos de formação, consultoria e estratégia. Isso pode ser visto nas tendências de emprego que mostram uma demanda maior nas regiões onde há mais adoção:

Essa mudança tão vertiginosa, mais do que uma transformação digital, é uma transformação da aldeia global da Internet. Já é utilizado por 40% dos usuários e há ferramentas disponíveis apenas nesse novo entorno.

Fonte: IPv6 Council Espanha. Estudo baseado em anúncios LinkedIN (Junho 2022)

No IPv6 Council Espanha, esperamos sugestões ou comentários na nossa caixa de correios: ipv6forum.spain@gmail.com

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Por mais informação sobre o IPv6 Council Espanha: http://www.ipv6council.es

IPv6 chega às Empresas:  (vídeo 1’ 29’’)  https://www.youtube.com/watch?v=0NJZNo-NLbQ

IPv6 para CIOs, CTOs, e IT (video 2’ 54’’): https://www.youtube.com/watch?v=2XyVKNN6b2s

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As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.

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