Reflexões sobre o boom da inteligência artificial

11/09/2024

Reflexões sobre o boom da inteligência artificial
Imagem assistida/criada por IA

Por Carlos Martinez Cagnazzo, Gerente de Tecnologia do LACNIC

Em meio a tanta revolução e a tanta conversa em torno da inteligência artificial, parece-me uma boa ocasião para focar no que é importante: Onde ela pode realmente fazer a diferença? Onde não contribui tanto? Será que pode resolver tudo e mais um pouco? Ninguém discute que se trata de uma ferramenta de enorme poder, no entanto, tem áreas de aplicação mais fortes do que outras.

Para dar um pouco de contexto, é uma tecnologia relativamente nova, mas trata-se de uma daquelas tecnologias que aparece uma vez a cada 10 anos, uma vez por geração, uma vez na vida ou uma vez no milênio. O que quero dizer é que, definitivamente, é uma revolução que impacta praticamente tudo, desde a economia, passando pelo trabalho, finanças, arte ou criatividade, sem falar em segurança, privacidade ou governança.

Mas voltemos a aspectos um pouco mais básicos. O que é, de fato, a inteligência artificial? Há uma definição informal que adorei de Mark Smith — um médico que faz apresentações sobre inteligência artificial com uma certa orientação para a medicina — que a define da seguinte maneira: “Qualquer atividade realizada por uma máquina que, se fosse feita por uma pessoa, diríamos ‘olha que inteligente’.”

Existem duas épocas no desenvolvimento dessa tecnologia. A primeira é entre 1940 e 1950. Nesse momento, havia uma grande ênfase em associar “inteligência” ao pensamento lógico-matemático, como somar mentalmente dois números de 20 dígitos, multiplicar dois números de 20 dígitos ou jogar xadrez. Mas, na verdade, ambos são questões muito baseadas em regras, fáceis de resolver com um computador e algoritmos.

Mas o computador não se tornou inteligente por isso. A percepção do que é “inteligência” foi se deslocando para outras áreas, como o uso da linguagem, o aprendizado a partir da experiência, a conexão de conceitos, a categorização, classificação e o uso de analogias. Tudo isso começa a acontecer no final dos anos 90 e início do ano 2000.

Se falarmos de algoritmos — qualquer que seja, começando por um que crie um bife à milanesa até o que faz o Instagram ou o Uber funcionar — trata-se de uma receita finita e ordenada de passos para alcançar um resultado. Isso é inteligência artificial? Não, fundamentalmente porque não é genérico, serve apenas para um propósito específico e também não aprende com sua experiência, já que não “lembra” o que fez antes. A primeira grande aproximação à inteligência artificial é que ela é um sistema que busca maior generalidade na hora de resolver problemas e que, além disso, se adapta a variações desses problemas.

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Um pouco de história

Em uma rápida retrospectiva, vemos que a questão de “automatizar” é uma busca bastante constante na história da humanidade. Já a observamos na pré-história dessa tecnologia, com os autômatos do século XVII, a colorida história dos teares com designs “programados” de Jacquard ou o motor analítico de Charles Babbage e Ada Byron.

Seguindo o percurso, nos anos 40, encontramos a teoria moderna da computação com Alan Turing, já nos anos 50, é a época em que surge pela primeira vez o termo “Inteligência Artificial”, cunhado em 1956 por John McCarthy, Marvin Minsky e Claude Shannon. Além disso, em 1957, é introduzido o conceito de “rede neural” por Frank Rosenblatt, que é a base teórica da inteligência artificial.

Também existe uma evolução histórica na ideia de “construir um sistema inteligente”, que é importante destacar devido à confusão entre os termos “inteligência artificial” e “aprendizado automático”.

As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.

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