O fomento das boas práticas impulsionou a queda do sequestro de rotas na região.
30/07/2020
No decorrer deste ano intensificou-se drasticamente a queda do sequestro de rotas da Internet na região do LACNIC, reforçando a tendência já evidenciada no ano de 2019.
A forte diminuição dos sequestros de rede acontece em um momento no qual as alocações de endereços IP cresceram igual à tabela de roteamento e aos prefixos na Internet, portanto a redução dos incidentes de roteamento nas redes têm um valor significativo, segundo pesquisa feita por Alejandro Acosta, coordenador R+D do LACNIC.
A diminuição dos incidentes de roteamento responde ao compromisso da região para conseguir uma rede segura e resiliente.
Segundo Acosta, há uma diminuição marcante de sequestros a cada ano, em sua maioria devido à melhoria das boas práticas, procurando por redes mais resilientes, assim como à implementação e ao uso do RPKI (certificação de recursos) e IRR (Registro de Roteamento de Internet).
Nesse sentido o LACNIC tem sido um ator chave, acompanhando com um árduo trabalho de conscientização sobre o assunto, desenvolvendo treinamentos e ferramentas para fortalecer o roteamento seguro da Internet.
O Registro Regional de Internet da América Latina e do Caribe tem realizado treinamentos sobre segurança de roteamento em seus eventos anuais, no seu campus online mediante o desenvolvimento de cursos nos grupos de operações de rede e no trabalho conjunto com os IXPs. Por outro lado, empreendeu o projeto FORT com a criação do Validador FORT de código aberto, a ferramenta de Monitoramento FORT para identificar tendências regionais em sequestros de rotas e o Relatório FORT com um diagnóstico do impacto da segurança de roteamento na experiência dos usuários finais da Internet. O LACNIC também está trabalhando na iniciativa MANRS (normas para a segurança do roteamento) da ISOC para a promoção da adoção das melhores práticas recomendadas para operadoras, como IXP, junto aos grupos de trabalho de Capacitação e Routing do LACNOG.
“LACNIC sempre participou das boas práticas de roteamento”, salientou Guillermo Cicileo, líder de pesquisa e desenvolvimento em infraestrutura de Internet do LACNIC. O especialista sinalizou que o RIR regional pôs em andamento um Registro de Roteamento de Internet (Internet Routing Registry – IRR LACNIC), uma base de dados que permite a uma operadora expressar a sua política de roteamento e expô-la publicamente, de tal forma que outros atores no sistema de roteamento da Internet possam utilizar a informação para configurarem seus equipamentos.
Sequestros. Segundo a pesquisa de Acosta, que contou com a colaboração de Gabriela Martínez, diretora do LACNIC CSIRT, na região, o Brasil é o país que sofre a maior quantidade de sequestros de prefixos, ocupando também o segundo lugar do ranking mundial.
Nesse sentido, Cicileo destacou o trabalho do NIC.Br, que conseguiu reduzir os incidentes de roteamento no Brasil quase à metade. No Relatório FORT destaca-se especialmente a redução dos incidentes à atuação de organizações como NIC.Br que trabalhou com as operadoras de rede para que sejam tomadas as medidas no filtro de rotas e assim mitigar os incidentes BGP.”
NIC.Br desenvolveu treinamentos sobre o RPKI e o Krill, e trabalhou duro na adoção do RPKI no último ano.
Referente às datas em que foram produzidos os sequestros de rota, Acosta comparou o comportamento dos sequestros entre 2016 e 2019. Agrupou os eventos por cada mês e fez um detalhamento adicional conforme IPv4 e IPv6.
“No total dos sequestros, novembro é o que teve maior atividade e março o que teve menos. Porém, no sequestro de rotas IPv6, março aparece – percentualmente – como o segundo mês com maior atividade”, concluiu o trabalho.