Guia sobre as melhores práticas dos IXP da região

24/06/2024

Guia sobre as melhores práticas dos IXP da região

Por Guillermo Cicileo e Mauricio Oviedo

No âmbito do Projeto Fortalecimento das Capacidades Tecnológicas Regionais, o LACNIC – com o apoio de SOCIUM.CR e LAC -IX– deu andamento a um estudo sobre as melhores práticas em IXP da região. O estudo aponta aspectos de funcionamento, gestão e operação a serem utilizados como referência e servirá para comparar com os IXP existentes.

Nossa pesquisa esteve direcionada à análise das estratégias e focos dos IXP em busca de boas práticas para melhorar a eficiência da troca de tráfego de Internet nos diferentes Pontos de Troca de Tráfego regionais.

Dividimos os achados em cinco categorias: infraestrutura, serviços, operações, governança e comunidade.

INFRAESTRUTURA.

Nesta categoria avaliamos os aspectos que têm a ver com a plataforma de interconexão peering.Uma das melhores práticas detectadas em infraestrutura é garantir que os roteadores das redes de interconexão se conectem entre si de forma limpa, segura e eficiente.

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Também é importante manter o acesso a uma infraestrutura diversa com um mercado competitivo que cumpra com práticas de operação e forneça uma interconexão aberta e gratuita.

Consideramos a resiliência como um dos principais valores dos IXP. Em geral, é valioso para um IXP achar um ponto de colocalização que possa oferecer serviços aprimorados, como fontes de alimentação redundantes e a presença de uma fonte de alimentação ininterrompida (UPS), bem como um gerador de energia. Isso reduz significativamente os riscos de tempo de inatividade para o IXP.

Foi detectado como uma prática comum que os IXP oferecessem vários serviços a seus pares (talvez por trás de um Número AS separado). Qualquer operadora que desejar participar em uma troca de Internet deve ter atribuído um número de Sistema Autônomo e um conjunto de sub-redes IP por um Registro Regional de Internet (RIR). Sem esses elementos, uma operadora não poderia executar BGP em seus roteadores e, consequentemente, estabelecer trocas de BGP com outros membros do IXP:

SERVIÇO. Nesta categoria foram considerados os serviços que o IXP fornece a seus associados e a sua comunidade.

Um aspecto crucial é a elaboração de protocolos de resposta de incidentes perante potenciais eventualidades.

Além disso, os IXP devem oferecer estatísticas que podem conter gráficos de portos, vistas de tráfego de interconexão, matrizes de interconexão, assim como informar em sua website políticas de conexão, preços e outros assuntos de interesse.

Uma boa prática observada é a conexão de serviços de entidades públicas aos IXP locais para incentivar a conexão dos ISP e oferecer aos cidadãos um acesso mais confiável aos serviços públicos.

OPERAÇÕES. Nesta categoria destacamos algumas indicações acerca de como trabalham os IXP.

Acreditamos que é vital fomentar a neutralidade da operação do IXP, evitando 100% a discriminação de quem possa se conectar ao Ponto de Troca de Tráfego.

Os Pontos de Troca de Tráfego devem apoiar o crescimento de geradores de conteúdo e de provedores de serviços locais, e, ao mesmo tempo estabelecer métricas sobre a fomentação da inovação local.

Com fulcro na experiência recolhida, é útil que um IXP tenha seu próprio AS e uma pequena “sub-rede de serviço”, principalmente para monitorar e solucionar problemas. Desde seu AS, o IXP anunciará a sua rede, na qual poderá hospedar uma website, um servidor de correio eletrônico e talvez outros serviços para os associados.

Se um IXP possuir uma quantidade apreciável de associados que detêm políticas de peering abertas, pode ser útil hospedar um servidor de rotas. Os associados com uma política de interconexão aberta somente terão que se interconectarem com o servidor de rotas para interconectar-se entre si. Os servidores de rotas também representam uma importante melhoria no tocante à escalabilidade. O número de sessões BGP necessárias numa malha completa aumenta com o quadrado dos associados. Possuir servidores de rota em serviço, faz com que a função lineal seja muito mais escalável.

Em geral os IXP monitoram as estatísticas de tráfego de cada porto, somando-as para criar uma estatística agregada. Isso é útil para ver as tendências e padrões do tráfego da Internet no IXP e, às vezes, para detectar problemas indicamos o IXP Maneger como ferramenta de administração do IXP, principalmente para os IXP novos, pequenos e médios.

GOVERNANÇA e COMUNIDADE

Nestas duas categorias detectamos uma série de boas práticas que devemos levar em conta, seja na forma de governança do IXP ou no seu engajamento com a comunidade da Internet.

Na categoria governança destacamos a transparência, o compromisso, a equidade e a inclusão como valores importantes a considerar na tomada de decisões. Acreditamos na importância de que os IXP estejam apoiados em ecossistemas descentralizados e multissetoriais que fomentem enfoques colaborativos e cooperativos.

Por último, na categoria de comunidade observamos como boa prática que os IXP participam cada vez mais dos grupos locais e regionais referentes, promovendo uma rede de trabalho e fomentando o crescimento e a robustez do serviço oferecido pelo IXP.

Além do mais, acreditamos que é interessante motivar a todos os provedores de acesso e conteúdo de cada país a participarem dos debates sobre peering, interconexão e IXP impulsionados pela comunidade.

Convidamos a todos os interessados a visitarem o site onde poderão achar mais informação detalhada acerca destas categorias, assim como referências sobre cada uma das práticas recomendadas.

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