Alta demanda na América Latina para a conectividade internacional

04/10/2023

Alta demanda na América Latina para a conectividade internacional

A chegada de novos cabos submarinos à América Latina aumentará a capacidade de conexão à Internet na região, gerando maior competência, afirmou Peter Wood, durante sua dissertação no LACNIC 40 LACNOG 2023.

Segundo Wood, analista sênior da TeleGeography, o trânsito IP é cada vez mais barato e isso se traduz em mais tráfego local e inter-regional, em razão da capacidade dos cabos submarinos.

No âmbito do evento do LACNIC- LACNOG em Fortaleza, no passado 3 de outubro, Peter Wood expôs sobre O papel da América Latina no mercado de conectividade internacional e destacou que, se o investimento em infraestrutura for mantido, serão fortalecidos os mercados metropolitanos primários e secundários.

Em entrevista com o LACNIC Blog, Wood destacou que o avanço tecnológico está facilitando o aumento da capacidade e melhoras na qualidade do serviço com preços muito mais baixos.

Na sua opinião ¿Qual foi o maior impacto dos cabos submarinos na região da América Latina e Caribe (velocidade, conexão ou custos mais baixos)? E quais os motivos?

Minha visão pode ser parcial porque eu estudo os preços do mercado. Creio que o impacto dos novos sistemas de cabos submarinos no custo de conectividade internacional foi impressionante. O valor para conectar América Latina é historicamente mais alto que nas regiões como Europa e Estados Unidos. No entanto, a diferença dos preços entre América Latina e essas regiões tem diminuído, coincidindo com um aumento da capacidade na região. Essa nova dinâmica é correspondente com um grande aumento de investimento e competência no mercado latino-americano de conectividade.

Mais do que preços, a questão principal é que tudo está conectado: avanços de tecnologia que facilitam aumentos de capacidade também envolvem aprimoramento na qualidade de serviços e trazem preços por unidade muito mais baixos em relação à tecnologia mais antiga.

Em sua apresentação você explica um crescimento médio anual de 42% entre 2019 e 2022 da largura da banda internacional na região da LATAM. Quais fatores influenciaram esse crescimento? Que países lideram as estatísticas de crescimento?

Demanda! Há uma alta demanda na América Latina para a conectividade internacional, é por isso que vemos muito investimento em infraestrutura que pode satisfazer essa demanda. É algo evidente, quando observamos tanto os cabos submarinos como a história recente de investimento em infraestrutura para a nuvem e as redes de provedores de conteúdo. Nesse sentido, o Brasil é líder regional, com alto consumo de largura de banda internacional. Segue o México em segundo lugar e depois o Chile. No que refere a crescimento, há mercados menos estabelecidos como o Uruguai, a Guatemala e o Equador que estão expandindo seus perfis mais rápido.

Como as redes de conteúdo impactaram no aumento da banda larga e no crescimento do consumo?

Os provedores de conteúdo continuam sendo de grande influência para o tráfego de banda larga na América Latina. Por exemplo, em 2022 observamos que mais de 70% de toda a capacidade internacional de largura de banda na região foi através de provedores de conteúdo. É provável que o domínio continue considerando que vários cabos submarinos em construção são projetos dessas companhias OTT.

Quais os países da região melhor posicionados para impulsionar hubs de conexões? Quais as vantagens de criar esses hubs?

Tipicamente, um hub nasce como resultado de fatores particulares. Entre eles a alta competição, os preços competitivos, um ambiente regulatório favorável ao crescimento e ao investimento, a alta demanda e a infraestrutura robusta – incluindo capacidade em cabos submarinos, bem como data centers e conectividade à nuvem. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Ciudad de México são exemplos desses hubs. Vimos que mercados como Bogotá, Santiago, Lima e Fortaleza estão se posicionando como potenciais hubs de crescimento similar.

Quais as perspectivas para os próximos cinco anos no que refere a projetos atuais de novos cabos submarinos?

Vários sistemas submarinos estão chegando ao fim de sua longevidade econômica. Isso não significa que todos os cabos velhos serão retirados nos próximos cinco anos, mas é uma possibilidade real. Quando essa realidade se aproximar, veremos investimento em cabos submarinos que podem repor a infraestrutura existente. E, considerando a chegada de tecnologias como inteligência artificial, é bem provável que a demanda de conectividade continue aumentando a ritmo acelerado. A verdade é que já estamos vendo isso, com projetos novos que são anunciados com frequência em 2023 depois de um 2022 onde não houve lançamento de cabos novos conectando a América Latina.

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