Inclusão digital feminina: as mesmas dificuldades que no mundo real
29/06/2017
As mulheres enfrentam maiores dificuldades que os homens na hora de serem incluídas no mundo das Tecnologias da Informação e devem superar mais obstáculos pela falta de equidade e diversidade nos projetos dedicados às tecnologias da informação e da comunicação.
Durante o painel “Diversidade e inclusão: como integrar perspectiva de gênero em projetos tecnológicos” realizado em LACNIC 27, vários atores da região partilharam suas experiências e preocupações sobre a estrada sinuosa que as mulheres devem percorrer para alcançar a igualdade de gênero no mundo das tecnologias (https://www.youtube.com/watch?v=Lp-OW8G5MKw).
Maioria sem Internet. Yacine Khelladi, coordenador para a América Latina da Aliança para uma Internet Acessível (Alliance for Affordable Internet), uma aliança de instituições gerenciada desde a Web Foundation, contou que da metade da população do mundo off-line, a maioria são mulheres de países em desenvolvimento.
“O fosso digital de gênero está piorando”, afirmou Khelladi.
Ele atribuiu essa exclusão das mulheres da revolução digital às falhas das políticas públicas. “A boa notícia é que isso pode ser revertido”, comentou. Ele propôs uma série de políticas para diminuir o fosso do gênero digital: a proteção dos direitos on-line, a formação para acessar a rede de forma eficaz, um acesso de baixo custo, garantias de disponibilidade de conteúdos relevantes e que potencializam às mulheres, e finalmente, o estabelecimento de objetivos concretos de equidade digital de gênero.
Mundo de homens. Por sua vez, María del Carmen Denis Polanco, responsável pela Infraestrutura e Serviços de Telemática na Coordenação Administrativa das Tecnologias da Informação da UADY, disse que no México por cada 8 homens, apenas 3 mulheres estudam carreiras relacionadas às TIC.
Ela contou que para reverter essa situação estão trabalhando com uma organização sem fins lucrativos que procura incluir meninas e mulheres no setor tecnológico.
Realizam atividades, oficinas e palestras. Uma forma de captação é por meio da partilha de experiências de pessoas que trabalham na área das tecnologias destinada a garotas que estão na fase de decidir o que estudar.
Em sua apresentação, Laura Kaplan, gerente de Desenvolvimento e Cooperação de LACNIC, introduz o Ayitic Goes Global, um projeto que usa a Internet como uma ferramenta de inclusão e fortalecimento das capacidades, e gera oportunidades formando mulheres entre 18 e 25 anos em tarefas concretas que possam ser aplicadas à inserção no trabalho.
“É um projeto muito interessante para levar em conta de como podemos usar a Internet como uma ferramenta que permite não apenas capacitar-nos, mas também conectar-nos, conectar a capacitação e a formação com a inclusão no trabalho, por exemplo”, afirmou Kaplan.
Esforços para a diversidade. A pesquisadora Renata Aquino, representante da LAC no NCUC Executive Comitee de ICANN, relatou a sua experiência ao ser convidada para participar do projeto “Internet Freedom Festival”, uma conferência de tecnologia que promove esforços coletivos que, por meio da diversidade, a inclusão e a colaboração, apoia a liberdade de expressão on-line, a proteção contra ameaças digitais e a um acesso mais amplo aos espaços na web.
“Para se ter uma verdadeira diversidade devemos pensar na diversidade como um todo”, disse Aquino. Também salientou “a importância das alianças de habilidades, pessoas com diferentes competências, mas que posam estar juntas compartilhando conhecimentos independentemente de suas experiências”.
Finalmente, Raquel Gatto, advogada e assessora de políticas públicas para a América Latina e o Caribe na Internet Society (ISOC), garantiu que não está se pedindo nada especial para mulheres e meninas, mas sim igualdade no acesso à Internet.
Destacou a campanha “Shine the light” que visa celebrar as mulheres pioneiras e líderes, como inspiração para outras mulheres. “Celebrar os referentes na nossa comunidade é muito importante”, disse Gato.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.