IETF: a pilha de protocolos IP em ambientes extremos
27/04/2017
Mais de 1000 especialistas do mundo todo participaram da reunião do IETF 98 em Chicago (EUA), o grupo mundial de engenheiros e profissionais que acorda os aspectos técnicos do funcionamento da Internet.
Com uma participação interessante de latino-americanos, o encontro esteve marcado pela mudança da liderança do IETF, passando Alissa Cooper a assumir o cargo de Jari Arkko como chair do IETF (https://www.youtube.com/watch?v=lhYWB5FFkg4)
“Foi uma semana especial”, comentou Carlos Martínez, CTO de LACNIC e ativo membro e participante do IETF.
O encontro de Chicago reuniu novos rostos já que entre os 1.000 participantes quase 17% das pessoas era a sua primeira reunião IETF.
Martínez destacou a movida do IETF Hackathon -representado com 18 equipes independentes- já que durante dois dias, diferentes grupos trabalharam com base nos documentos do IETF e propuseram projetos que resultaram qualificados por um júri.
Do outro lado, entre os documentos inovadores com os que trabalham os especialistas do IETF, destacam-se vários relacionados com a Internet das Coisas (IoT). “Ai é onde faz falta mais trabalho novo já que muitos dos protocolos atuais não são adequados para conectar tudo”, disse Martinez.
Um desses projetos novos a ser pesquisado do IETF está relacionado com o mundo das coisas que funcionam com pouca energia e têm difícil acesso à Internet. “O desafio é como adaptar protocolos da Internet para serem usados em aparelhos com limitantes de energia e conexão”, afirmou Carlos. Existem ambientes em que as restrições são extremas, como por exemplo, as redes de sensores em esgotos ou em campos, e o trabalho aponta precisamente a criar protocolos IP para melhorar a sua utilização nestas condições.
Nas sessões plenárias do IETF aconteceu outro fato que chamou a atenção dos participantes. Foram as apresentações de Niels Oeven e David Clark, que abordaram questões sobre a relação entre os protocolos da Internet e os direitos humanos. “Como a tecnologia afeta à capacidade de exercer determinados direitos humanos on-line”, garantiu Martínez.
Após contextualizar o surgimento dos direitos humanos e apresentar questões sobre como afeta a tecnologia à capacidade de exercê-los on-line, os dois palestrantes encorajaram o auditório a debater sobre se os protocolos que temos hoje ajudam ou não, se existe um equivalente na Internet ao direito a assembleia ou se as consultas do DNS respeitam a privacidade das pessoas”.