A região sofreu um crescimento “orgânico” de IPv6
14/05/2021
O crescimento constante do Protocolo IPV6 nos últimos anos nos países da América Latina e Caribe foi orgânico e não esteve relacionado com o desenvolvimento de negócios ou com o aumento do tráfego da Internet, concluiu uma pesquisa liderada pelo LACNIC e realizada com o apoio da consultora internacional SmC+.
Os achados deste trabalho, apresentado durante o LACNIC 35, mostraram as motivações sobre a implementação do IPv6 de um grupo de organizações e ISP da região do LACNIC.
O IPv6 não foi uma prioridade específica, aconteceu de forma natural”, houve renovação orgânica dos equipamentos e atualização tecnológica que fizeram com que o IPv6 fosse incorporado. Foi feito de forma gradual, a partir do uso da rede interna, afirmou Sebastián Cabello da consultora internacional SmC+.
O estudo comparou os resultados com os achados de outra pesquisa realizada pelo LACNIC em 2016. Cabello afirmou que foram encontrados detalhes interessantes de evolução.
Há cinco anos, por exemplo, era difícil comparar com os mercados IPv4 , pois estes não estavam completamente amadurecidos. “Cinco anos depois estes mercados existem, são mercados mais maduros e com preços mais estáveis. Do ponto de vista empresarial é uma comparação que faz sentido. Se eu tenho a possibilidade de estender o recurso atual, claramente há um ponto de corte até o momento em que o IPv6 começa a ser conveniente para mim”, afirmou o economista.
Sinalizou também que hoje em dia o protocolo está mais familiarizado e o pessoal mais treinado. “De certa forma esta evolução era de se esperar, porém é bom observá-la na prática”, comentou.
O estudo detectou o incentivo que contribui para a implementação do IPv6: o crescimento da Internet das coisas, acompanhada da tecnologia 5G.
“No caso da Internet das coisas as projeções indicam que haverá 1200 milhões de dispositivos conectados para 2025. É de se esperar que em algum momento aconteça a explosão (de crescimento), como pôde ter acontecido em determinado momento, com a demora da implementação dos pagamentos eletrônicos”, exemplificou o responsável pela pesquisa.
Um dos eixos do trabalho mostrou a implementação do IPv6 em pequenas operadoras do Brasil, onde foi registrado um importante aumento do IPv6. Nesse sentido, a pesquisa identificou fatores habilitadores, tais como a implementação do IPv6 por falta de endereços IPv4 em um contexto de crescimento de clientes, um aumento fortemente impulsionado pela pandemia, pela atualização tecnológica que acompanha a implementação e pela solução econômica que significou a migração para o IPV6.
No entanto, como fatores limitadores foi detectado que os clientes não estão preparados e que ainda não há muito tráfego IPv6, por conta da capacidade de atender clientes corporativos em IPv4 que não implementam IPv6, já que nem todo o conteúdo é acessível em IPv6 (ver gráfico).