Redes de confiança: coordenação para fortalecer a segurança cibernética

20/11/2024

Redes de confiança: coordenação para fortalecer a segurança cibernética
Imagem assistida/criada por IA

Por Carolina Badano, Coordenadora de Comunicações do LACNIC

Em abril de 2022, a Costa Rica sofreu uma onda de ataques cibernéticos extorsivos de tal magnitude que até serviços de infraestruturas críticas, como cuidados de saúde e pagamento de salários, foram afetados. Pela primeira vez na região, um país teve de declarar emergência nacional devido a um ataque cibernético.

Estes incidentes realçaram a necessidade urgente de reforçar a diplomacia cibernética e a cooperação regional para construir um ciberespaço mais seguro e resiliente.

Mais de dois anos após estes ataques, quais são os desafios atuais de segurança cibernética na América Latina?

Paula Brenes Ramírez, engenheira informática da Costa Rica e presidenta da Fundação Yod, decidiu abordar o tema em uma proposta que foi selecionada na 5ª edição do Programa Líderes do LACNIC, que oferece financiamento e mentoria para pesquisas em temas ligados à Governança da Internet.

Mediante uma análise documental das políticas de segurança cibernética e de entrevistas com especialistas, Brenes consegue obter insights valiosos sobre estratégias eficazes para fortalecer a segurança cibernética e a construção de redes de confiança. Para a realização de seu trabalho contou com o apoio de seu mentor, Julián Casabuenas, Diretor da Colnodo.

Diplomacia cibernética e Redes de Confiança

É importante ter clareza sobre dois conceitos que a pesquisadora aborda ao longo de seu trabalho e que são fundamentais tanto na análise da situação quanto na apresentação de conclusões.

A diplomacia cibernética é o uso de ferramentas digitais e TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) pelos Estados para atingir os seus objetivos de política externa. Requer uma estratégia coerente e coordenada que esteja integrada com os métodos tradicionais de diplomacia.

As redes de confiança são compostas pelos governos, empresas, sociedade civil e especialistas técnicos, e o seu papel é facilitar a troca de informações, a coordenação de ações e o desenvolvimento de capacidades para prevenir, detectar e responder de forma mais eficaz às ameaças cibernéticas.

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Especialistas com experiência no desenvolvimento de redes de confiança foram entrevistados por Brenes para este estudo, quem compartilharam conhecimentos, estratégias e lições aprendidas relacionadas à segurança cibernética.

Os especialistas entrevistados são:

  • Winfried Weck, Chefe do Programa Regional Alianças para a Democracia e o Desenvolvimento com a América Latina (ADELA) e o escritório do Panamá; e Yadira Elizabeth Gratacós Reyes, Coordenadora do Projeto.
  • Ricardo Cáceres, Diretor de Tecnologias de Informação do SICA, que por sua vez coordena a Secretaria Técnica Administrativa do Grupo ERDI Ad Hoc que lidera a Estratégia Digital Regional do SICA.
  • Belisario Contreras, Coordenador de Digi Americas Alliance.
  • Eduvigis Ortiz, Presidenta de Women4Cyber Espanha.
  • Liina Areng, Diretora do projeto CyberNet da UE.
  • César Moliné Rodríguez, LAC4.
  • Ernesto Ibarra, Presidente da academia mexicana de Segurança Cibernética e Direito Digital.
  • Miguel Porrua especialista principal em e-Government – Coordenador do Cluster de Dados e Governo Digital da RED GEALC.

Confira as entrevistas no podcast Vozes que constroem confiança

Também, por meio do uso de ferramentas de Inteligência Artificial, a pesquisadora criou vídeos em formato de histórias, baseados em casos reais de ataques cibernéticos a países da região.

A estratégia de Brenes é que através do storytelling (a arte de contar histórias de forma eficaz) o seu trabalho consiga aumentar a consciência sobre a segurança cibernética e as implicâncias políticas e sociais dos ataques, e maximizar o alcance e o impacto das conclusões obtidas no estudo.

Como exemplo, compartilho com vocês a primeira história (O dia em que o paraíso parou) baseada nos ataques cibernéticos na Costa Rica em 2022 https://youtu.be/1PLunSj0sm8

Confira as 7 histórias que fazem parte deste trabalho aqui https://www.youtube.com/@FundacionYoD/playlists

O estudo realizado por Paula Brenes conclui que tanto a diplomacia cibernética quanto as redes de confiança são pilares fundamentais para a segurança cibernética na região.

É fundamental que os governos, as empresas e a sociedade civil trabalhem em conjunto para reforçar as capacidades de defesa cibernética e promover a cooperação destas redes.

A autora destaca que o trabalho “também faz parte do apoio colaborativo, que o próprio programa Líderes já incentiva, criando uma rede”. “Se alguém tiver interesse em fazer parte de uma nova edição do podcast, pode entrar em contato conosco”, finalizou Brenes.

Estas são algumas das recomendações propostas pela pesquisadora:

  • Promover políticas públicas que integrem a segurança cibernética em todos os níveis da administração pública e privada. 
  • Expandir a cooperação cibernética para além das fronteiras políticas e econômicas.
  • Promover a participação ativa de atores regionais em fóruns internacionais de segurança cibernética.
  • Estabelecer e reforçar equipes de resposta a incidentes cibernéticos nacionais e regionais (CSIRT) que cooperem em tempo real contra ameaças emergentes.

O trabalho de Brenes é um dos 16 trabalhos selecionados para a chamada 2024 do Programa Líderes. Paula Oteguy, Coordenadora de Relacionamento Multissetorial do LACNIC e responsável pelo programa, destacou o valor dos trabalhos selecionados. “As pesquisas feitas este ano geraram novos conhecimentos e perspectivas sobre diversos temas-chave da Governança da Internet. As descobertas emergem no período entre espaços e processos no âmbito da GI, fornecendo insumos valiosos que serão posteriormente compartilhados nestes mesmos espaços. Os resultados destas pesquisas destacam tanto o contexto quanto a magnitude de vários problemas, ao mesmo tempo que propõem possíveis soluções em áreas como o acesso, a inclusão, a segurança, as tecnologias emergentes e as competências digitais, entre outras, e isto é algo muito relevante e que eu gosto de destacar sobre o programa e seus pesquisadores”, salientou Oteguy.

A pesquisa completa, assim como os demais trabalhos selecionados pela chamada 2024 do Programa Líderes, podem ser encontrados aqui.

As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.

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