Quando chegará a adoção de 100% do IPv6?

29/10/2024

Quando chegará a adoção de 100% do IPv6?

O IPv6 tem sido um tema recorrente entre especialistas, e no evento LACNIC 42 – LACNOG 2024 foram abordados seus desafios em um painel intitulado “IPv6: Morte pelo DNS”, onde foram analisados os problemas mais comuns na implementação desse protocolo, especialmente os relacionados com a resolução de nomes de domínio.

Moderado por Tomás Lynch, o painel reuniu quatro especialistas da região: Carlos Martínez, Douglas Fischer, Jaime Olmos e Uesley Correa. Eles discutiram as mudanças necessárias para implementar o IPv6 corretamente, assim como os erros mais comuns enfrentados pelas organizações.

Lynch, em sua introdução, apontou que os problemas habituais costumam surgir de configurações incorretas ou mal-entendidos sobre como o IPv6 e o DNS interagem entre si. Martínez alertou que, se os ISPs não anunciarem o registro do quadruplo A para que o resto do mundo saiba que eles possuem IPv6, ninguém jamais saberá disso. “Não há comunicação telepática entre usuários e servidores. “Se eu não publicar no DNS, o mundo nunca saberá quais endereços eu tenho”, explicou.

Jaime Olmos, da Universidade de Guadalajara, compartilhou como sua universidade implementou o IPv6, mas isso não se refletiu nas estatísticas de uso devido a problemas de monitoramento. Foi um desafio inesperado que eles descobriram ao iniciar o acompanhamento do tráfego.

Uesley Correa, autodenominado “evangelizador do IPv6”, identificou como erro comum o impulso limitado a um ou dois técnicos, em vez de envolver toda a organização. Para ele, educar todos sobre IPv6 é fundamental para uma implementação bem-sucedida.

Para Douglas Fischer, engenheiro de redes na Telecom, o relato que mais o incomoda de seus colegas operadores de rede é quando desabilitam o IPv6 como solução diante de uma dificuldade. “Lamento que desativem o IPv6 para resolver problemas, em vez de buscar um mecanismo de solução adequado e manter o IPv6”, afirmou o engenheiro brasileiro.

Educação e Padrões. Uma das dificuldades mais sérias, na visão de Olmos, é a falta de procedimentos ou padrões para o acompanhamento da implantação do IPv6 quando ocorre a rotatividade de pessoal nas organizações. Em geral, a implementação do protocolo não é formalizada.

Ele também criticou a falta de currículos de IPv6 nas universidades mexicanas. “Os estudantes são formados com conhecimentos de redes que já não serão usados”, comentou.

Etapas na implementação. Correa organiza a implementação do IPv6 nas organizações em quatro fases que descrevem sua evolução interna. A primeira fase, conhecida como o “êxtase”, ocorre quando as organizações adquirem blocos de IPv6. Nesta etapa inicial, a emoção é evidente e geralmente acompanhada por esforços de marketing e por uma comunicação empolgante para celebrar a adoção do protocolo. Em seguida, vem a fase de “entendimento”, em que são observadas melhorias técnicas, como a redução da latência e uma navegação mais eficiente, devido à capacidade de lidar com volumes maiores de dados.

À medida que o IPv6 deixa de ser uma novidade, entra-se na fase de “acomodação”. Nessa etapa, as organizações, ao não perceberem mudanças significativas imediatas, tendem a perder o ímpeto e acabam atrasando a ativação do protocolo em novos projetos. Por fim, chega a fase de “maturação”, quando o protocolo é consolidado dentro da empresa, e os líderes começam a promover ativamente seu uso no negócio, conscientizando suas equipes sobre os benefícios estratégicos do IPv6.

Essa progressão mostra que a adoção do IPv6 não é apenas um desafio técnico, mas um processo organizacional que exige comprometimento e educação em todos os níveis.

Por fim, Lynch desafiou os painelistas a estimar quando alcançaremos 100% de adoção do IPv6. Martínez opinou que um limite razoável seria 90%, enquanto Fischer foi mais cético: “Não estaremos vivos para ver 100% do IPv6”, concluiu.

Convidamos você a reviver o painel e aprofundar-se no futuro do IPv6!

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