IPv6 only, o novo cenário da Internet
19/09/2023
Por Carlos Martínez – CTO do LACNIC
Desde agosto do ano 2020, baixou-se a cortina do IPv4 na região do LACNIC. Nesta data, o LACNIC realizou a alocação do último bloco disponível de endereços desse protocolo. A partir deste momento, só temos disponível espaço IPv6 para o futuro da Internet na América Latina e no Caribe.
As distintas alternativas. Os novos associados ao LACNIC conseguem obter espaço IPv6 de forma imediata, porém, para obter espaço IPv4 as opções são limitadas. Podem entrar na lista de espera do LACNIC (A espera estimada atualmente é de 7 anos para as organizações que ingressam hoje) ou realizar transferências de endereços IPv4 – duas opções que não parecem tangíveis a longo prazo. Os associados do LACNIC que já possuem alocações do IPv4, somente poderão receber espaço IPv6 ou tentar receber uma transferência diretamente do LACNIC.
Quanto à implementação do IPv6 na região, estão surgindo avanços notórios, nesse sentido, com uma média global de adoção de 40% em IPv6. Segundo as cifras em agosto de 2023 a tabela é liderada pelo Uruguai (56%), México (45%), Brasil (43.8%), Panamá (30%) e Peru (25.5%), entre outros.
Redes IPv6 Only
Na verdade, para oferecer o serviço da Internet ainda é preciso contar com porções mínimas de IPv4. Mas qual poderia ser a melhor maneira de usar o que resta de IPv4 disponível de forma eficiente? Para oferecer um bom serviço em IPv6 e aproveitar os escassos endereços IPv4 disponíveis, isso só seria possível com o que chamamos de redes IPv6 Only.
Quando falamos de redes IPv6 Only, nos referimos a redes onde todo o uso de IPv4 ocorre na borda da rede, falamos também que os usuários possuem acesso ao IPv4 e ao IPv6 ao mesmo tempo, devido a que a rede (o que conecta os clientes com a Internet) é unicamente IPv6 e conta com o serviço IPv4.
Como o serviço IPv4 é oferecido aos clientes? Com diferentes tecnologias que operam na borda da rede. O IPv4 chega até a borda da rede, não chega ao usuário final porque são aplicados mecanismos que permitem transportar o conteúdo em IPv4 sobre pacotes IPv6.
No LACNIC estamos promovendo o uso dessas tecnologias na região e contamos com tutoriais, guias e informação acessível para toda a nossa comunidade.
No caso das redes de acesso, a Internet chega aos usuários finais em IPv6, mas podem acessar conteúdo IPv4.
Nas redes de datacenter, além de NAT 64, são usados proxys e load balancers (balances de carga) que já contam com as funcionalidades que lhe permitem receber pedidos em IPv4 e distribuir a carga em IPv6 entre vários servidores. Estes e outros assuntos serão abordados nos nossos webinar preparativos IPv6 Only, prévios ao tutorial “Construindo uma rede só com IPv6” que acontecerá no LACNIC 40- LACNOG 2023.
Quais as vantagens? No caso das redes, com Carrier-Grade NAT, um ISP igual deve lidar com uma rede IPv4 e outra IPv6. Fazer isso de uma forma IPv6 Only permite simplificar toda a rede por dentro. Basicamente a operadora se esquece do IPv4 em seu interior e transporta a complexidade da redução aos extremos (às equipes que estão na casa do usuário e à borda da rede).
Há tempos que no LACNIC estamos trabalhando IPv6 Only e agora focamos, de forma especial, em diferentes capacitações prévias ao LACNIC 40- LACNOG 2023, onde haverá um tutorial exclusivo sobre este assunto: “Caminhando em direção ao futuro: construindo uma rede só com IPv6”.
Ser receptivos às inovações e ao IPv6 Only é um dos caminhos para alavancar a nova função e expandir o uso da Internet.
Convidamos vocês a acessarem nossa web IPv6 only onde poderão visualizar a informação relacionada a este tópico.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.