7 desafios enfrentados pelo IPv6 e como eles foram resolvidos

09/06/2025

7 desafios enfrentados pelo IPv6 e como eles foram resolvidos
Desenhado por Freepik

Por Alejandro Acosta, Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento em LACNIC

Você já pensou que o IPv6 nunca iria realmente decolar? Se sua resposta for “sim”, este blog é para você.

Nos últimos 20 anos, o IPv6 enfrentou muitos obstáculos que fizeram muitas pessoas duvidarem de seu futuro. Desde o início, enfrentou desafios técnicos significativos: não era compatível com o IPv4, muitos dispositivos mais antigos não o suportavam e, como costuma acontecer, houve considerável resistência à mudança por parte de operadoras e empresas. Somam-se a isso vários mitos —como o de que era muito complexo ou inseguro— que também o prejudicavam.

Mas o tempo e a tecnologia fizeram o seu trabalho. Graças às ferramentas de transição, melhorias de roteamento e desenvolvimento de hardware mais preparado, o IPv6 não só provou que pode ser escalável (estamos falando de 340 undecilhões de endereços disponíveis!), mas também é mais eficiente e seguro que o antigo IPv4.

Hoje o IPv6 não é mais uma promessa: é uma realidade. Está por trás do 5G, do futuro 6G, da Internet das Coisas em larga escala e da nuvem hiperconectada. E também resolve problemas com os quais lidamos há anos, como a escassez de endereços e a fragmentação das redes.

Neste artigo, vamos desmitificar alguns dos mitos mais comuns —como o de que o IPv6 reduz o desempenho ou não funciona bem com sistemas antigos— e vamos mostrar, com dados e exemplos da vida real, por que migrar para o IPv6 não é apenas possível: é necessário se você quiser que sua rede esteja preparada para o que está por vir.

1. Melhoria na comutação de pacotes no nível de hardware

Nos últimos 15 anos, os circuitos integrados de aplicação específica (ASIC) para redes passaram de um suporte marginal para uma implementação nativa e otimizada do IPv6. Antes de 2010, o processamento do IPv6 dependia de CPU gerais, resultando em alta latência e baixo rendimento. Entre 2010 e 2015, fabricantes como Cisco e Broadcom integraram tabelas de encaminhamento IPv6 de hardware (TCAM), suporte para NDP/ICMPv6 e lookup eficiente em chips como o Cisco Nexus 7000 ou Broadcom StrataXGS. Entre 2015 e 2020, os ASIC atingiram a maturidade com tabelas de roteamento escaláveis, offloading de extensões IPv6 (headers, tunneling) e integração com SDN/NFV, exemplificados pelo Broadcom Tomahawk e Cisco Silicon One.

(Acesso livre, não requer assinatura)

Desde 2020, o IPv6 tem sido prioridade em projetos de ASICs, com recursos avançados como: Segment Routing IPv6 (SRv6) acelerado, segurança nativa (IPsec em hardware), e otimização para IoT/5G. Chips como o Broadcom Jericho2 (2020), Marvell Octeon 10 (2022) e Intel Tofino 3 (2023) suportam milhões de rotas IPv6 e processamento programável (P4), consolidando o IPv6 como o padrão em redes modernas. Esta evolução reflete a transição do IPv6 de um complemento de software para um componente crítico no hardware de rede.

PeríodoSuporte IPv6 em ASICsLimitações
Pré-2010Mínimo ou por softwareAlto custo de CPU, baixa eficiência
2010-2015Primeiras implementações em TCAM/ASICsTabelas IPv6 limitadas
2015-2020Maturidade em switches/roteadores empresariais 
2020-AtualidadeIPv6 nativo, otimizado para nuvem/5G/SRv6 

Resumo Comparativo sobre a evolução das ASIC

2. O dilema do ovo e da galinha no IPv6

O dilema do ovo e da galinha no contexto do IPv6 refere-se ao paradoxo de como impulsionar a adoção desta nova versão do Protocolo da Internet. É como se ninguém quisesse comprar um novo tipo de telefone porque não há aplicativos para ele, mas os desenvolvedores não criam aplicativos porque quase ninguém tem esse telefone.

As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.

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