Nova medição sobre Conectividade na América Latina

10/10/2023

Nova medição sobre Conectividade na América Latina

Por Guillermo Cicileo, Líder de I+D em infraestrutura da Internet no LACNIC e Agustin Formoso, Colaborador

Estudos prévios de contectividade

No LACNIC impulsionamos diferentes tipos de medições da Internet nos países da região e a nível de conexões em toda a América Latina e no Caribe.

Essas medições servem para conhecermos o estado da conectividade entre redes nos países da nossa área de influência, bem como para que as operadoras possam utilizar a informação com o intuito de melhorar a performance de suas redes e a interoperabilidade.

No ano 2020, realizamos o primeiro estudo sobre latências internas em cada país e entre países, que nos propiciou uma aproximação ao estado da conectividade na região LAC.

Essa proposta gerou consultas e despertou o interesse da comunidade, impulsionando-nos a promover outras pesquisas com fulcro na informação disponível nas tabelas roteamento da região: Interconexão em BGP na região da América Latina e do caribe e Interconexão BGP a nível local na região da América Latina e do Caribe. Estes novos estudos permitiram que visualizássemos um panorama mais amplo/completo da conectividade a nível de roteamento em cada país e a nível regional.

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Estudo medição conectividade 2023

A informação coletada e a retroalimentação da comunidade fizeram com que encarássemos um novo projeto, a fim de realizar uma medição ativa do comportamento do tráfego mediante o uso de traceroutes. Este estudo cumpre duas funções: é um estudo longitudinal no sentido que permite realizar comparações com estudos realizados em anos anteriores e que seguem uma metodologia similar e ao mesmo tempo transversal, por ser descritivo de uma grande quantidade de redes da região em um determinado momento.

Os troceroutes não apenas permitem medir a latência de origem ao destino (“end to end”), mas também permitem ver através de quais redes intermediárias a informação viaja. Com esses resultados é possível analisar: quais são os ASN com maior centralidade em cada país, se os caminhos são de longitudes razoáveis, se as consultas ficam dentro de cada país ou se realizam interconexões por fora e se é percebida a presença de IXPs locais nesse país, entre outros dados.

O trabalho buscou diferentes fontes de informação em relação a outros estudos. Na medição anterior nos limitamos aos tempos de latência entre países, agora ampliamos a nível de rede ou de ASN.

Adicionamos informação proveniente de RIS (coletor de rotas de RIPE), permitindo-nos traduzir os endereços IP contidos no traceroute a ASNs (Número de Sistema Autônomo). Isso nos permitiu que ao observar traceroutes que viajam pela rede de forma subótima, imediatamente pudéssemos ver por quais ASNs iam passando.

O relatório contém informação relevante sobre os pacotes que passam e sobre os que não passam pelos IXPs (graças à fonte de dados PeeringDB). Este dado nos permite fazer análises das rotas que atravessam IXP versus as rotas que NÃO os utilizam. Desta forma conseguimos quantificar o impacto dos IXPs dentro de um país.

Há países com resultados muito bons, onde mais de 40% dos traceroutes lançados passam pelo IXP local, é o caso da Bolívia, Panamá, Equador, Argentina, Costa Rica e Colômbia. Por outro lado, os países que mais rotearam por dentro foram a Argentina, o Equador, o Chile, a Bolívia, o Haiti e a Nicarágua.  No entanto, há uma lista longa de países que possuem roteamento muito bom.

Os resultados também mostram os ASN com maior centralidade em cada país, se os caminhos são de longitudes razoáveis, se os traceroutes ficam dentro de cada país ou se realizam interconexões por fora, entre outros dados.

Outra visão que o estudo oferece é um quadrante onde são comparadas as dimensões: a penalidade que pagam os traceroutes salientes em termos de latência versus a quantidade de traceroutes que saem. Uma observação positiva é que não há países que mostrem altas latências e alta quantidade de traceroutes salientes ao mesmo tempo, porém, sim existem casos onde mostram uma ou outra propriedade. Também há casos que não mostram nenhuma (onde o roteamento é relativamente ótimo), são os casos do Chile, Uruguai, Paraguai, México, Brasil e Argentina.

O estudo foca-se em oferecer um panorama macro do estado da conectividade dos países e redes da região, não enfatiza em pesquisas específicas. Nesse sentido é de extrema importância que os leitores locais interpretem os resultados do estudo e contrastem com seu conhecimento local.

Solicitação de feedback operadoras

Convidamos as operadoras a observarem com cuidado o trabalho, procurar-se no quadrante de rotas salientes e entrantes e na conectividade aos IXP, bem como observar a penalidade da latência que pagam ao saírem de seu país. Pode entrar em contato conosco através do e-mail: imasd@lacnic.net

Se quiser ver a apresentação realizada sobre este tema no LACNIC 40- LACNOG 2023 acesse aqui.

As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.

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