Vencedor do Desafio 2019 “O tempo e o esforço dedicado para desdobrar o IPv6 vale a pena”

28/11/2019

Vencedor do Desafio 2019  “O tempo e o esforço dedicado para desdobrar o IPv6 vale a pena”
Desenhado por Freepik

O projeto da empresa chilena Simeon para desenvolver o desdobramento dos serviços de IPv6 no ISP da Venezuela, Nervicom, ganhou a última edição do Desafio IPv6 do LACNIC.

José Gregorio Cotúa da empresa Simeon e responsável pelo plano, assegurou que sua participação no concurso do LACNIC turbinou o processo do trabalho que estavam começando a planejar, como também serviu de estímulo para cumprir as metas com mais celeridade.

O especialista mostrou-se surpreso pela falta de consciência dos operadores regionais sobre as drásticas consequências no negócio da Internet por conta do esgotamento dos endereços IPv4. “O que eles não sabem é de que sem o desdobramento do IPv6 o negócio da Internet acaba”, afirmou Cotúa.

Por que decidiram participar do Desafio IPv6 do LACNIC?

Soubemos do Desafio através de um e-mail do engenheiro Alejandro Acosta do LACNIC.  Justamente nesse momento estávamos fazendo o plano para o desdobramento do IPv6 na plataforma ISP da Nervicom. Acreditamos que, participando do Desafio IPv6 nos motivaríamos e impulsionaríamos no trabalho que estávamos começando a planejar e executar, era uma ótima forma de referenciar nosso trabalho em IPv6 em relação a como é feito na América Latina e no Caribe. Também queríamos conhecer mais e explorar as melhores práticas do desdobramento IPv6.

Quais aprendizados você destacaria do processo de participação neste desafio?

O fato de ser um desafio no âmbito de um concurso, faz com que sejamos mais exigentes com nós mesmos e demos o melhor de nosso trabalho, pesquisando e explorando as melhores práticas, técnicas e aplicativos que podem ser usados para um ótimo desdobramento do IPv6 em uma plataforma de ISP. Creio que este foi o aprendizado mais relevante, ou seja, justamente a busca, o conhecimento e os maiores detalhes dos paradigmas quanto ao desdobramento do IPv6, além de demonstrar de forma contundente que realmente é possível o desdobramento completo do IPv6 na sua plataforma de ISP.  Por outro lado, também merecedor de destaque, está o fato de aprofundar nossos conhecimentos sobre o IPv6 em GNU/Linux Networking, tanto a nível de servidores como de usuário final.

Qual foi a iniciativa pela qual foram premiados? E como estava formada a equipe de trabalho?

A iniciativa pela qual fomos premiados foi o desdobramento do IPv6, da SIMEON do Chile à rede de CORE e Transporte do ISP NERVICOM da Venezuela. A equipe de trabalho esteve formada pelo gerente de projeto e líder técnico, José Gregorio Cotúa da SIMEON; o CEO da NERVICOM, Alejandra Caraballo da SIMEON como coordenadora de atividades de desdobramento e seguimento de documentação; Héctor Flores, gerente de operações da NERVICOM como encarregado de validações e provas, e os técnicos da NERVICOM, que contribuíram para o suporte e a checagem dos sistemas.

Qual conselho dariam às organizações que querem desdobrar o IPv6 em suas redes?

Que foquem a sua participação no Desafio IPv6 como um projeto e que seja gerido como tal.  Ou seja, que definam o escopo, planejem e delimitem os prazos, que sejam determinadas as qualidades com as quais querem fazê-lo, que administrem o custo e o risco, bem como outros aspectos dos projetos: comunicações, recurso humano, busca e integração.

Que a qualidade da documentação é fundamental para o sucesso do projeto. Que o tempo e o esforço valem a pena porque realmente agrega muito valor. Por último, que o objetivo mais importante da participação não seja vencer, e sim aprender, aprofundar conhecimentos e fazer um desdobramento de IPv6 de qualidade, que vencer seja uma consequência e não um fator.

Quais são as principais dificuldades administrativas e técnicas que tiveram que enfrentar para desdobrar o IPv6 na sua organização?

Embora a NERVICOM já disponha de um espaço para o IPv6, as organizações que não possuam endereços IPv6 para fazer o desdobramento, podem solicitá-los ao LACNIC. Como dificuldades técnicas: o suporte do IPv6 em Mikrotik não é completo ainda, e em GNU/Linux alguns APP não operam em IPv6 Only (mesmo que desabilitados o listen em IPv4, continuam inoperantes).

Na sua opinião, existe real conscientização na região sobre o esgotamento dos endereços IPv4 e a necessidade de recorrer ao IPv6 para manter o modelo de negócios da Internet?

Em particular acredito que a conscientização realmente existe, de tal forma que as pessoas conhecem a questão do esgotamento. Porém, a meu ver não há muita conscientização sobre as consequências que isso tem. Ou seja, muitas pessoas acreditam que, embora acabassem no LACNIC ou no ARIN (que já acabaram), de alguma forma continuariam operando, quer seja usando IP de seus ISP, desdobrando NAT, etc.

Deste ponto de vista, creio que o LACNIC tem um grande desafio, além de propagar a questão do esgotamento e dos novos paradigmas do protocolo IPv6, deve esforçar-se em divulgar as consequências de ficar sem IPv4 e porquê é tão importante ir à Internet IPv6 o quanto antes. Nós como empresas consultoras, a SIMEON do Chile neste caso, estamos trabalhando nessa direção