Telemedicina em El Salvador
01/08/2014
Da consulta embaixo das árvores para a webcam
Dona Rosita senta a menina na frente do monitor e acomoda a webcam de alta definição. A pesar dos trovões, o sinal da Internet tem boa intensidade na Ilha Tasajera. “Assim está bom”, diz o doutor Daniel Pérez, desde seu consultório na cidade de San Salvador (El Salvador), a muitos quilômetros da ilha. E começa a consulta médica à distância. Assim é feito duas vezes por dia com todos os habitantes da ilha que necessitem de assistência.
Longe ficou o tempo, sete anos para ser exatos, em que o Dr. Pérez tinha que se transladar até a ilha, primeiro de camionete e depois de navio, para atender as necessidades da comunidade local. Muitas vezes eram consultas simples (problemas gastrointestinais, respiratórios e da pele) de crianças que deviam esperar sua chegada à ilha por quase um mês e meio.
Assim era a rotina desse médico familiar até o dia que conseguiu apoio da Conexão El Salvador, SV Net e depois FRIDA, para fornecer conectividade sem fio da Internet à Ilha e instalar um telecentro no posto de saúde. Isso permitiu desenvolver um projeto de telemedicina (com computadores, câmaras de vídeo e sistema informático web de registros médicos) para realizar consultas à população e superar o limitado acesso aos sistemas tradicionais de saúde que tinham os habitantes da ilha.
Para tudo isso funcionar corretamente, era imprescindível o envolvimento da comunidade local. Depois de dona Rosita, juntou-se um grupo de cerca de dez jovens, que receberam capacitação para a manutenção das equipes informáticas e no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação.
Com o tempo, Pérez salienta que essa modalidade de teleconsulta diária permitiu estabelecer uma relação de confiança com seus pacientes da ilha e melhorar a prevenção de doenças. O bate-papo do dia-a-dia pelo webcam também tem contribuído a sensibilizar as mulheres da comunidade sobre a importância da saúde preventiva e os exames de rotina.