Quem já tem IPv6 “tem uma vantagem”

17/04/2013

Quem já tem IPv6 “tem uma vantagem”


A comunidade da região da América Latina e o Caribe está elaborando suas novas políticas de designação de recursos do último protocolo da Internet, o IPv6, após do sucesso na gestão de seus endereços IPv4, cujos blocos estarão esgotados em oito meses. A implementação do IPv6 atinge já 55% das organizações e operadores de redes da região do LACNIC, um esforço importante embora ainda não suficiente, segundo opinião de Ricardo Patara, gerente de recursos do Nic.Br e chair de LACNOG, a comunidade de operadores de rede da América Latina e o Caribe.

Patara observa com otimismo o futuro da Internet com a nova tecnologia, e acredita que as organizações da região que ainda não têm IPv6 vão implementá-la rapidamente para não ficar em desvantagem perante os que já têm incorporado o novo protocolo.

Em diálogo com LACNIC News durante o Quarto Fórum de Operadores de Redes, LACNOG, Patara aponta que o momento final do estoque de IPv4 serve também para chamar a atenção dos provedores.

A região está em uma posição única e privilegiada na gestão dos seus recursos IPv4 e tem endereços (34 milhões) para pelo menos mais nove meses graças ao trabalho realizado pela comunidade da América Latina neste tempo todo. Quais são os aspectos a salientar desse processo?

Além de ser um desafio também é uma excelente oportunidade. É um desafio, porque a escassez dos endereços IPv4 traz desafios para o crescimento contínuo e necessário das redes, serviços e usuários da Internet. Alguns mecanismos vão ser necessários para que tudo continue crescendo. Já existem soluções que permitem que isso aconteça, mas os custos associados podem ser elevados em caso de não pensarmos em outras coisas em longo prazo.

E ai é onde entra a oportunidade: a implementação massiva e séria do IPv6, o sucessor do IPv4, que traz muitas vantagens das quais saliento o grande número de possíveis endereços. Aqueles que estão prontos para esse protocolo e o estão armando agora têm a oportunidade de sair antes e armar a rede para um crescimento estável em longo prazo.

Os mecanismos que mencionei vão ser necessários, mas não por muito tempo, se aproveitamos a oportunidade de prepararmos para o IPv6. Os usuários com conhecimento desse protocolo têm a excelente vantagem da comunicação entre equipamentos, serviços e outros usuários.

Além de permitir que um número maior de equipamentos possam ter endereços criando assim a “Internet of Things”

Hoje, mais da metade das organizações e operadores de redes da América Latina e o Caribe têm endereços IPv6. É suficiente perante o iminente esgotamento dos outros recursos? Vocês consideram que a implementação deveria ser ainda maior? Qual é a chave para “massificar” a adoção do IPv6?

Ainda não é suficiente, mas é uma grande conquista. Outras regiões do mundo com esforços de treinamento, difusão e políticas relacionadas ao IPv6 tiveram excelentes resultados.

Mas ao mesmo tempo vimos iniciativas de muito valor na região para a “massificação” do IPv6 nas casas dos usuários. Recentemente vimos mensagens na lista de LACNOG sobre o crescimento de tráfego IPv6 com origem em redes do Peru com destino para redes dos grandes buscadores. Isso foi notícia no mundo e estamos um pouco por trás de outras grandes economias da Europa.

São esse tipo de iniciativas as que, desde meu ponto de vista, vão ajudar na implementação “massiva” do IPv6, já que outros provedores vão ver isso como uma oportunidade e uma necessidade de não descompassar o crescimento de outros.

E, ao mesmo tempo, incentiva também os provedores de conteúdo que ainda não usam o IPv6, já que existe um grande volume de “solicitações” que não pode ser ignorado.

A mudança iminente na designação de recursos – perante o esgotamento dos blocos IPv4 na região – vai modificar a forma de designar os novos endereços. Quais têm sido as dificuldades com as regras atuais? E quais são os desafios que vai enfrentar a comunidade com a nova política de recursos?

Atualmente não há dificuldades para obter endereços. O LACNIC, como o RIR da região, ainda tem endereços IPv4 livres para designar e as regras permitem o acesso à quantidade necessária sempre que possa ser justificada.

Do outro lado, uma vez que o estoque de endereços do LACNIC atinja o volume do equivalente a /12, as regras serão modificadas, e as necessidades dos provedores não poderão ser satisfeitas inteiramente, já que haverá um limite no total para designar. A pesar de impor um freio, visa também organizar essa última etapa do estoque e chamar a atenção dos provedores.

Vai ser um desafio ajustar-se, mas o volume que cada um pode receber pode ser suficiente para se organizar internamente, ativar os mecanismos que em pouco tempo vão permitir que continuem sendo acrescentados novos usuários e possam ter acesso à conteúdos exclusivamente com IPv4. Os esforços realizados por várias organizações na região também servem como um alerta para aquelas que ainda não têm pensado na implementação do IPv6.

Além disso, enquanto não fazerem isso, seus concorrentes estarão fazendo e criando vantagens que irão beneficiar seus usuários.

Quais são os aspectos mais relevantes do Quarto Fórum de Operadores de Redes?

Deste último fórum eu salientaria como ponto principal o fato de ter um importante número de pessoas presentes que veem ao fórum como uma atividade muito relevante.

Como já tenho visto em outras edições, a qualidade das apresentações selecionadas é excelente, abordando assuntos atuais e de muito interesse por parte da comunidade dos operadores de redes.

Por último caberia destacar, a oportunidade de interagir com operadores de outras regiões, trocar experiências, conhecimentos e soluções para problemas comuns.

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