Projeto de LACNIC detecta o uso em massa de caixas NAT na região

27/03/2018

Projeto de LACNIC detecta o uso em massa de caixas NAT na região

Na América Latina e o Caribe há um uso em massa (94%) de caixas intermédias  (Network Address Translation), um mecanismo usado por operadores de rede para que vários computadores se conectem à Internet usando um mesmo endereço IP. Os dados são extraídos dos primeiros relatórios do projeto NATmeter de LACNIC.

Esta iniciativa inovadora, que realiza a área técnica de LACNIC, mede a presença de “caixas intermédias” (middleboxes) que existem entre um usuário e a Internet. “O projeto é muito interessante, especialmente neste momento em que há escassez de recursos IPv4”, disse Agustín Formoso, engenheiro formado em LACNIC e um dos promotores do projeto.

O NATmeter procura identificar de modo preciso o número de caixas intermédias existentes na Internet para os protocolos IPv4 e IPv6. De acordo com as primeiras medições feitas por LACNIC, seu uso atinge 94% na região da América Latina e o Caribe.

“Parte dos resultados foram os esperados: os que mostravam 94% de cobertura de NAT para redes IPv4. No entanto, ficamos surpresos ao ver um uso (ainda que mínimo) de NAT para IPv6 “, apontou Formoso.

Esses NAT são caixas que executam um mecanismo que muda o endereço IP com o qual o usuário navega. O sistema de medição do NATmeter desenvolvido por LACNIC identifica se o usuário se conecta diretamente à Internet ou através de um NAT (caixa intermédia). Assim os dados são coletados e os relatórios preparados, os que sao abertos para todos os operadores (https://natmeter.labs.lacnic.net/). Você mesmo pode fazer o teste acessando: https://natmeter.labs.lacnic.net/script/.

Alejandro Acosta, coordenador de I+D de LACNIC e co-responsável pelo projeto, afirmou que os operadores recorreram ao uso destas caixas como consequência do esgotamento dos endereços IPv4. Usam este mecanismo para economizar endereços IP, porque é provável que muitas pessoas naveguem com o mesmo endereço IP.

Acosta alertou que o NAT carrega “propriedades negativas” porque cria um ponto único de falha na rede e também a desacelera, aumenta o número de saltos para destinos e aumenta a possibilidade de falha de um aplicativo (por exemplo, áudio, vídeo e VPN).

Em relação ao IPv6, o NAT detectado foi muito baixo, mas obtivemos várias evidências.  No entanto, Acosta afirmou que LACNIC está curioso para saber se este tipo de NAT com IPv6 aumentará ao longo do tempo na região.

Formoso salientou o “feedback positivo dado pela comunidade técnica” e augurou uma rápida evolução do projeto devido às contribuições dos especialistas da região.

“Nossa intenção é ter relatórios automatizados sobre o NATmeter, com gráficos que mostrem os resultados e, ao mesmo tempo, deixar os dados acessíveis em pelo menos os formatos json e csv (open data)”, concluiu Acosta.

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