O longo final do IPv4 na Europa, Ásia e Oceania
31/05/2017
Como transitaram outros Registros Regionais a fase final de esgotamento do IPv4 que está vivendo hoje a região de LACNIC?
Que aprendizados deixou a entrega dos últimos endereços IPv4 e a transição para o IPv6? Tudo começou na Casa da Internet da América Latina e o Caribe, e rapidamente foi ecoado pelos colegas de RIPE NCC e APNIC.
O caminho de RIPE. Andrea Cima, Gerente de serviços de registro de RIPE NCC (Europa e Oriente Médio), disse a LACNIC News que desde 14 de setembro de 2012 está vigente a política de seu último /8 do IPv4. Desde que entrou em vigor esta política, cada membro de RIPE, existente ou novo, só pode solicitar uma última alocação /22, sem necessidade de justificação. “Quando a política entrou em vigor, era obrigatório ter uma designação IPv6 (mínimo um /32) registrada (esta política não está mais ativa). Apenas devia ter a designação registrada, não havia exigência de anunciar”, afirmou Andrea.
O que implicava a sua política para a fase final de esgotamento do IPv4?
Imediatamente antes de chegar à política que regulamenta o uso do último /8, mudou a política com base na realidade. No início, os membros podiam solicitar endereços IPv4 com base no crescimento projetado para os próximos doze meses. Isto foi reduzido, por incrementos, até chegar a três meses.
Nós nos asseguramos de que todos os aplicativos foram avaliados (e aprovados) na ordem em que chegavam —primeiro em entrar, primeiro em sair. Isso podia significar que, embora o pedido já houvesse sido avaliado, era necessário esperar a que os pedidos recebidos com antecedência fossem também avaliados.
O que você pode contar sobre esta experiência?
O processo aconteceu sem problemas. Os membros rapidamente se acostumaram ao fato de que o RIPE NCC não podia fornecer endereços IPv4 adicionais (além do último /22). O mercado de transferências somente foi ativado no início de 2014.
Como reagiram os membros de sua região de serviço quando se enfrentaram ao esgotamento do IPv4?
A maioria dos membros aceitou e cada um tentou resolver os seus problemas a sua maneira, por exemplo, usando seus endereços existentes de uma forma mais eficiente, mas também implementando o IPv6.
Alguns membros tentaram passar por cima da política abrindo várias contas como LIR (sócios) para obter vários /22.
Esse é o motivo pelo que as políticas se tornaram cada vez mais estritas. Por exemplo: as alocações somente podem ser transferidas vinte e quatro meses depois de sua alocação por parte de RIPE NCC; as transferências devidas a fusões e aquisições somente são remetidas se as mudanças foram documentadas por uma autoridade nacional (câmara de comércio, administração fiscal, registro estatal, etc.). Antes também aceitávamos um acordo assinado entre ambas as partes. O período de retenção de vinte e quatro meses também é aplicado depois de uma transferência por fusão ou aquisição.
Esta política ajudou a acelerar a implementação do IPv6 na sua região?
A primeira política para o último /8 da região de RIPE incluía o requisito de que um membro devia ter uma designação IPv6 antes de poder pedir espaço do último /8.
O motivo desse requisito era que a comunidade esperava com isso incentivar a adoção do IPv6, mas nossas estatísticas mostram que o resultado não foi o esperado. Depois a política mudou e foi eliminado o requisito sobre o IPv6.
Quando perguntamos aos nossos membros que implementaram o IPv6 quais tinham sido seus incentivos, eles manifestaram que o principal motivo foi a falta de endereços IPv4 disponíveis. Nesse sentido, o esgotamento do IPv4 é o incentivo número um para a implementação do IPv6.
Sob estas circunstâncias, como tem funcionado o mercado de transferências?
O número de transferências IPv4 aumentou e se estabilizou. No começo, a primeira política de transferência IPv4 não era muito usada. Nós publicamos um par de artigos de RIPE Labs sobre esse assunto, confira acessando:
IPv4 Transfers in the RIPE NCC Service Region
Developments in IPv4 Transfers
Publicamos todas as transferências (de acordo com nossa política) no nosso site:
A rota asiática até a Oceania. O gerente de serviços de registro de APNIC, Guangliang Pan, disse a LACNIC News que na última fase de entrega do IPv4 na Ásia Pacífico, a política prevê o acesso a esses endereços tanto para os membros novos quanto os existentes.
O que implicava a sua política para a fase final de esgotamento do IPv4?
As designações padrões terminaram quando chegamos a nosso bloco final /8 designado pela IANA. A partir desse momento, tanto os membros novos quanto os existentes podiam solicitar no máximo um /22 desse bloco.
Em maio de 2014, isso foi estendido para permitir que os membros novos e existentes pudessem solicitar no máximo outro /22 de um pool diferente criado com o espaço delegado a APNIC segundo a política global de mecanismos para a designação de endereços IPv4 por parte da IANA após seu esgotamento. Hoje este segundo pool está vazio e há uma lista de espera.
Como foi essa experiência?
Podemos dizer que foi muito bem-sucedida. APNIC chegou a seu /8 final em 15 de abril de 2011 e ainda tem 40% de espaço restante. Isso significa que, seis anos mais tarde, os novos operadores ainda poderão obter uma pequena quantidade de espaço para começar com seus planos de negócios. Os membros existentes podem continuar crescendo se seus clientes cumprirem com os critérios estabelecidos para seus próprios endereços.
Como reagiram os membros de sua região de serviço quando se enfrentaram ao esgotamento do IPv4?
Alguns membros puderam justificar um acúmulo prévio ao esgotamento uma vez que adiantaram seus planos de engenharia. Desde então, aumentaram seu uso de NAT, adquiriram os endereços IPv4 através de transferências e pediram aos seus clientes se registrarem para se tornar membros de APNIC por direito de modo que essas organizações pudessem aceder ao / 8 final. Temos visto mais membros solicitarem endereços IPv6 desde 2011.
Esta política ajudou a acelerar a implementação do IPv6 na sua região?
O objetivo da nossa política do /8 final é garantir que os LIR novos e existentes possam receber um número mínimo de espaço de endereços IPv4 para ajudar na transição para o IPv6. Não foi ideada para ajudar a acelerar a implementação do IPv6.
Como foi abordada a questão da falta de endereços IPv4 sem a implementação do IPv6 correspondente? Tem medições nesse sentido?
Dado que o esgotamento ainda não é total, é difícil dizer que houve uma crise. As pessoas usam NAT ou transferências de endereços IPv4 como uma solução temporária.
Sob estas circunstâncias, como tem funcionado o mercado de transferências?
O mercado de transferências tem funcionado muito bem. O número de transferências aumenta com os anos.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.