O desafio de desenvolver IPv6 em plena pandemia
30/07/2020
A pandemia pelo coronavírus deparou-se com a equipe técnica da Unidade Nacional de Gestão de Risco de Desastres da Colômbia (UNGRD) em pleno avanço de desenvolvimento e implementação do IPv6. Este inesperado empecilho serviu para fortalecer muito mais a ideia de dar andamento a transição para o novo protocolo da Internet.
Com esse impulso, a organização se apresentou para a última edição do Desafio IPv6, concurso criado pelo LACNIC para fomentar o uso deste protocolo na América Latina e no Caribe.
O trabalho da equipe colombiana foi premiado por seus excelentes padrões de qualidade e pelas metodologias utilizadas. Assim contou ao LACNIC News, Rafael Ignacio Sandoval Morales, diretor geral e de projetos do IPv6 Technology da Colômbia.
Colômbia sempre teve um papel ativo quanto às TICS. O que os impulsionou,
O Desafio IPv6 do LACNIC é uma oportunidade para contar à LATAM e particularmente à Colômbia, o resultado da Unidade Nacional de Gestão de Risco de Desastres – pioneira em seu setor no país, referente à transição para o novo protocolo da Internet, impulsionando assim, através de nossa experiência, a quem inicia neste processo.
Escolhemos este momento de candidatura porque o desenvolvimento e a implementação do IPv6 na UNGRD estão suficientemente amadurecidos, e esta convocatória é uma ocasião para validar esse grau de amadurecimento e de conhecer, de certa forma, se o que foi realizado cumpria com os padrões e metodologias propostos para este tipo de implementações.
Para a UNGRD ficar nos primeiros lugares do desafio do IPv6 do LACNIC nos torna vencedores e faz com que sintamos orgulho pela Colômbia. Fomos medidos com outros grandes projetos de diversos países e avaliados por um reconhecido júri técnico na LATAM, isso quer dizer que fizemos a coisas muito bem.
Quais aprendizados destacariam desta nova edição, considerando que no meio do desafio ocorreu o surgimento da Covid?
O surgimento da COVID-19 representa um desafio para a infraestrutura tecnológica de qualquer entidade, portanto devemos ajustar todos os nossos processos e recursos para satisfazer as necessidades remotas dos usuários.
A implementação do IPv6 nos permitiu continuar com a prestação de diferentes serviços tecnológicos que são chaves para a nossa organização, sem que as nossas áreas de negócios sofressem interrupção alguma. De fato, no começo da pandemia, foi quando aconteceu uma alta demanda de serviços tecnológicos devido ao deslocamento e virtualização do trabalho. Foi aí que começamos a perceber que nossos clientes consomem majoritariamente os serviços tecnológicos mediante IPv6, sendo transparente para o usuário.
Em que consiste a iniciativa pela qual foram premiados? Como estava formada a equipe de trabalho? E quais os resultados conseguidos neste processo?
A UNGRD é uma entidade que se encontra na vanguarda tecnológica e está muito pendente em cumprir com as diretrizes emanadas do Estado colombiano, neste caso as definidas para a transição ao IPv6.
Para isso, a UNGRD selecionou, mediante concurso, um provedor para que acompanhasse, com consultoria e serviços, o processo de transição para o IPv6, com a premissa da minimização de riscos de afetação, maior qualidade, conhecimento e experiência. A equipe da UNGRD, formada pelos engenheiros Luis Javier Barrera e Javier Soto, foi acompanhada pela equipe interdisciplinar da empresa IPv6 Technology SAS (www.ipv6technology.co) que assessorou no diagnóstico, planejamento, implementação e andamento da iniciativa. Esta sinergia e trabalho conjunto durante todo o projeto permitiu um resultado bem-sucedido. Adicionalmente, avançamos na observância da normativa do Ministério das TIC da Colômbia.
Quais orientações dariam às organizações que desejam implementar o IPv6 nas suas redes?
O IPv6 é um desafio, não há dúvida, mas também uma necessidade para a continuidade dos negócios. Embora o apoio técnico seja da área da TI, nós orientamos às empresas a que mesmo assim o assunto esteja na mesa da alta gerência. Portanto, se você não implementar o IPv6, estará por fora da conectividade mundial e terá problemas para a adaptação das novas tecnologias. Esta situação claramente é um luxo que nenhuma alta gerência pode se dar ou esperar que lhe afete.
É conveniente também que o pessoal da entidade esteja treinado nas diferentes áreas das TIC com o IPv6, já que a transição ocorre de diferentes pontos, tanto nas configurações quanto no tratamento e na administração da infraestrutura e dos serviços respeito ao que comumente vínhamos fazendo com o IPv4.
Por se tratar de um processo a médio e longo prazo, é necessário ter objetivos claros e entender o processo, definir prioridades dos serviços que se devem implementar, alinhá-los com as renovações tecnológicas programadas e prever o investimento. Tudo isso, tendo sempre como base a compatibilidade e o cumprimento com o protocolo IPv6. Algo muito importante, partindo da nossa experiência, é contar com uma correta e idônea seleção do pessoal e dos consultores de apoio, caso seja preciso.
Você acha que na Colômbia existe consciência sobre o esgotamento dos endereços IPv4 e a necessidade de implementar o IPv6, para manter o modelo de negócios da Internet?
Hoje há mais consciência sobre o esgotamento dos endereços IPv4, o país vem evoluindo sobre a necessidade de levar todas as plataformas para o IPv6, porque sem acesso à Internet não sobreviverá nenhum modelo de negócio, e é por esse motivo que o novo protocolo é fundamental. Vale destacar também os esforços realizados pelo Ministério das TIC com os diferentes regulamentos, normativas e ações avançadas que são um apoio para as entidades do país, embora ainda falte muito trabalho e articulação.