LACNIC mede a interconexão de redes na América Latina e o Caribe

30/01/2018

LACNIC mede a interconexão de redes na América Latina e o Caribe

Agustín Formoso, pesquisador capacitado em LACNIC que começará a trabalhar no RIPE NCC, liderou o projeto SIMÓN para medir a latência da Internet na América Latina e o Caribe, e assim poder inferir o estado da interconexão regional entre as redes dos territórios do escopo da área de LACNIC.

A iniciativa coleta medições de latência na região desde 2012 e oferece informações abertas a toda a comunidade da Internet sobre o estado da conexão das redes nos territórios LACNIC. SIMÓN serviu para ter uma radiografia permanente sobre como as redes estão conectadas na América Latina e o Caribe.

Formoso explicou que, através das medições coletadas pelo projeto, pode-se inferir quão eficiente é a Internet e quão eficientemente os usuários podem acessar serviços hospedados dentro dessa rede. SIMÓN é um dos primeiros a ter uma imagem completa de como é a interconectividade a nível regional, apontou Formoso.

O pesquisador torna evidente que os resultados dependem da plataforma de medições usada.

No caso de SIMÓN, são usadas três plataformas de medição para obter as informações: RIPE Atlas (que possui 1% de penetração em LACNIC e é a preferida porque é muito sólida); uma plataforma comercial chamada Speed Checker (é um software virtual que é instalado em um laptop e tem penetração de 13% na região) e a terceira é uma pequena sonda JavaScript (atinge 42% na área de medição do projeto SIMON).

As duas primeiras, disse Formoso, eram plataformas existentes, e a terceira é uma sonda desenvolvida por LACNIC que oferece mais pontos de medição, especialmente no caso de regiões em desenvolvimento como LACNIC.

Os dados da terceira plataforma não são comparáveis com os dados das duas primeiras. Pode dar uma visão geral de alto nível de como é a qualidade percebida pelos usuários, mas não pode ser comparada com as outras duas.

Cluster de países. A pesquisa mediu a latência em 3.500 redes da América Latina e o Caribe e nas últimas duas fotografias completas (comparativos 2016 vs 2017) foram observados avanços e melhorias. Os resultados comparativos foram apresentados na última reunião LACNIC28 / LACNOG 2017 (http://bit.ly/2B6dwZo)

“Embora não houvesse alterações revolucionárias, vimos pequenas melhorias nos níveis de latência, principalmente nas conexões entre países. As maiores latências são observadas quando usuários de um país acessam serviços localizados em outro país (exemplo do Uruguai para a Argentina), e é aí que vimos as melhorias. As medições dentro de um mesmo país se mantiveram semelhantes”, comentou Formoso.

Com base nos dados de latência, o projeto realizou um estudo de clusters onde os países com melhor interconexão entre eles foram agrupados. “De fato, existem países que estão melhor interconectados entre eles que com outros países, onde o fator de proximidade geográfica é claramente visível. Também tentamos identificar padrões e ver se poderiam ser desenvolvidas recomendações para oferecer aos que não estivessem bem conectados”, argumentou o pesquisador.

Na análise dos resultados, foram encontrados altos valores de latência nos clusters de maior superfície, indicando que o componente geográfico é muito forte. Portanto, os valores absolutos de latência absolutos foram relativizados pela introdução da variável geográfica, e o resultado representou uma melhoria para esses clusters extensos. “Nós percebemos, por exemplo, que o cluster do Cone Sul, por ser tão extenso, tem altos níveis de latência justificados. Ao introduzir o componente geográfico, conseguimos relativizar esses valores e ver que para o grande que é esse cluster, seus valores de latência são bons “, afirmou Formoso.

Os dados do projeto SIMÓN são abertos e procuram que cada operador analise os resultados e tente pesquisar e contribuir para melhorar a latência e a interconexão regional. Este é um dos projetos de pesquisa realizados por LACNIC que buscam contribuir para a melhoria da Internet na região através de medições e análises.  

Por mais informações sobre o projeto SIMÓN: https://simon.lacnic.net/