LACNIC desempenhou um papel relevante na implementação do IPv6
20/12/2017
O presidente da diretoria de LACNIC, Wardner Maia, destacou o trabalho que LACNIC realizou na adoção e implementação do IPv6, tornando a região líder na preparação deste protocolo da Internet, uma vez que 4 em cada 10 redes na América Latina e o Caribe estão prontas para transportar tráfego IPv6.
Ao fazer um balanço deste ano que culmina, Maia enfatizou que 2017 tem sido um ano de consolidação para o RIR regional com um novo esquema de adesão “mais justo, efetivo e resiliente” que permitirá uma maior sustentabilidade do modelo da Internet na América Latina e o Caribe. Este ano LACNIC ultrapassou os 7200 sócios com um crescimento de 23% se comparado com 2016.
Sobre o futuro, o presidente da diretoria de LACNIC disse que sente o peso daqueles que não podem acessar a Internet – representam quase a metade da população – pelo que fez uma chamada para conciliar o trabalho pela inclusão de todas as pessoas com a construção de uma Internet “mais eficiente”.
LACNIC acaba de comemorar seus 15 anos de vida. Qual é a sua avaliação do trabalho realizado durante esses anos na gestão dos recursos de numeração e como você acha que isso impactou no ecossistema da Internet da América Latina e o Caribe?
Como todos nós sabemos, o principal motivo pelo qual LACNIC foi criado há 15 anos foi para gerenciar os recursos de numeração na nossa região. Desde então, a organização vem aperfeiçoando as formas de cumprir sua missão de maneira democrática e transparente, buscando sempre incentivar e aumentar a participação da comunidade. Os últimos 15 anos foram de muito trabalho, e podemos dizer que a missão-chave da organização foi e continua sendo cumprida.
Mas, neste tempo, LACNIC não se limitou a esta tarefa, mas também trabalhou em outras frentes, incluindo a promoção incansável da adoção do protocolo IPv6 e diferentes iniciativas de formação. Sempre com o objetivo de liderar o fortalecimento de uma Internet aberta, estável e segura na região.
Todo este trabalho sempre foi realizado em sintonia com outras organizações que pertencem e atuam no nosso ecossistema. Nesse sentido, a Casa da Internet para a América Latina e o Caribe é um símbolo desta integração e forma de trabalhar.
Este ano de 2017 foi um ano intenso para LACNIC, com uma grande diversidade de desafios. Como presidente da diretoria da organização, quais são os eventos mais relevantes a destacar no ano que acaba?
Este foi um ano de trabalho intenso direcionado à consolidação da nossa organização em todos os sentidos. No evento de maio foi aprovado o novo esquema de adesão cujo objetivo era equilibrar as diferentes categorias de associados e tornar o nosso sistema mais justo, eficiente e resiliente. Essas modificações certamente levarão a uma maior sustentabilidade do nosso modelo por muitos anos.
O ano de 2017 foi um dos anos em que, talvez, trabalhamos mais intensamente na promoção do IPv6. Essa promoção foi feita em toda a nossa região, embora com ênfase nos países com menor nível de preparação. O resultado é uma mudança de cenário: vários países atingiram percentagens significativas de adoção do protocolo e vários outros estão iniciando esse processo.
Que ações você destacaria em relação ao trabalho que está sendo implementado para aumentar o envolvimento dos associados nas diferentes atividades realizadas por LACNIC?
Entre as diferentes ações para aumentar a participação e envolvimento da comunidade, eu gostaria de destacar a iniciativa de visitar os nossos associados em países com baixos níveis de participação. Além disso, continuamos com os eventos LACNIC On The Move para aproximar à organização aos seus associados e à comunidade da Internet em geral.
Também é importante destacar a criação de Mi LACNIC, uma plataforma para associados de LACNIC que permite unificar as gestões relacionadas aos recursos de numeração. Da mesma forma, vale ressaltar o aumento das capacitações tanto no CAMPUS LACNIC quanto de forma presencial, e as bolsas para que os associados participem dos eventos.
Todas essas iniciativas certamente contribuíram para o aumento dos nossos membros, que este ano ultrapassou o número de 7000 associados.
A região de LACNIC é líder em preparação para o IPv6 – o protocolo que substitui o quase esgotado IPv4-, e 4 das 10 redes na nossa região estão prontas para lidar com o tráfego IPv6, quase o dobro do que qualquer outra região do mundo. O tráfego no IPv6 cresceu na região da América Latina e o Caribe com mais de 10 países acima de 5%. De que formas você acha que LACNIC está participando para que esse número continue crescendo?
Sem dúvida, a América Latina e o Caribe têm números muito interessantes em comparação com outras partes do mundo. Sem querer parecer pretensioso, estou plenamente convencido de que LACNIC desempenhou e continua desempenhando um papel fundamental neste processo.
Desde 2005, a LACNIC tem feito esforços de formação na região com webinars e capacitações presenciais, destacando a criação do Campus LACNIC, onde quase 3500 pessoas foram capacitadas apenas em 2017.
Que desafios você entrevê na região para os próximos anos?
Estamos em uma região com uma grande diversidade de povos, culturas e realidades socioeconômicas. Como resultado destas realidades, existem grandes diferenças quanto ao desenvolvimento e qualidade da Internet.
Toda vez que olhamos para trás e vemos em números absolutos quanto conseguimos nos últimos anos em termos de inclusão digital, podemos sentir-nos orgulhosos. No entanto, quando percebemos que quase a metade da população continua sem ter acesso a Internet sentimos o peso da responsabilidade de continuar trabalhando.
Por outro lado, vemos um mundo em constante transformação e incríveis evoluções tecnológicas que impõem a necessidade de procurar cada vez mais uma Internet mais eficiente e capacitada.
Certamente, conciliar o trabalho para a inclusão de todas as pessoas com a construção desta Internet mais eficiente e que ainda mantenha os princípios de uma rede aberta, segura e estável é uma tarefa para muitos atores, entre os quais LACNIC sempre vai querer desempenhar um papel relevante.