Como os governos da região podem favorecer a implementação do IPv6?
29/07/2021
O diretor executivo do LACNIC, Oscar Robles, fez um apelo aos Estados da região para contribuírem com o desenvolvimento do IPv6 na América Latina e Caribe, mediante a cooperação e a colaboração com as organizações do ecossistema da Internet.
Durante a palestra titulada Os governos podem ser protagonistas ao impulsionarem o IPv6? – no âmbito da comemoração do IPv6 Day-, Robles expressou que esse impulso não deve acontecer mediante regulamentações, mas sim trabalhando em parceria com entidades da Internet, já que “é uma forma de conseguir o mesmo resultado com maior flexibilidade”.
Sinalizou que os Estados devem se envolver com a implementação do IPv6, já que este protocolo deixou de ser um desafio tecnológico para se tornar um assunto estratégico para o desenvolvimento de iniciativas digitais nacionais na América Latina e Caribe.
Robles destacou que em primeiro lugar o IPv6 permite a traçabilidade das transações, ou seja, que possibilita o mapeamento de um endereço IP com um assinante ou usuário. Hoje em dia é quase impossível fazer isso com o IPv4; “não apenas por uma questão de segurança na Internet, mas também porque acabariam as desculpas para quem gera mecanismos de vigilância massiva na Internet. O IPv6 permitiria a traçabilidade das transações”, assegurou Robles.
A segunda razão é que não há mais espaço IPv4 para conectar as 240 milhões de pessoas sem acesso à Internet na América Latina e Caribe. Atualmente a região já possui em média dois usuários (2,16), compartilhando um IP. Todo plano de inclusão digital de um país deve contemplar o IPv6 em seu design, pelo contrário não conseguirá conectar parte da sua população.
O terceiro ponto, apontou Robles, é que se faltarem endereços para usuários, a escassez será ainda maior para conectá-los à quantidade de dispositivos. “Mais cedo ou mais tarde teremos uma demanda significativa de endereços para serem conectados aos diversos dispositivos, sensores ou artefatos adicionados à constelação de equipamentos conectados à Internet. A resposta a esses desafios é IPv6”, enfatizou o CEO do LACNIC.
Robles propôs que os Estados façam a sua contribuição para a implementação do IPv6 através de iniciativas de cooperação e colaboração ou compromissos voluntários para as múltiplas partes interessadas no desenvolvimento da Internet. “Cada entidade que participa do processo (ISP, academia, usuário ou Estado) tem algo para fazer (ver quadro) visto que todos obtêm seus benefícios”, concluiu.
Nesse contexto, o LACNIC pode contribuir com esses esforços, treinando profissionais, fornecendo informação sobre o IPv6 ou colaborando diretamente à medida que for possível, conforme as possibilidades da organização.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.