Cibersegurança na era da nuvem e da inteligência artificial

28/10/2025

Cibersegurança na era da nuvem e da inteligência artificial

O surgimento da inteligência artificial marca um novo ponto de inflexão na história da tecnologia. Assim como nos anos 1990 o som do modem anunciava a chegada da Internet aos lares, hoje a IA se integrou silenciosamente ao cotidiano, a ponto de muitos nem saberem dizer quando ela passou a fazer parte de suas rotinas.

“É apenas mais uma ferramenta, como foi a Internet em seu momento”, apontou Rüdiger Fogelbach, gerente de Engenharia de Sistemas na Fortinet, durante a sua apresentação Cibersegurança na era da nuvem e da inteligência artificial, no marco do evento LACNIC 44 LACNOG 2025.

Do hype à produtividade

Fogelbach relembrou o conceito do “hype cycle” da Gartner, que descreve o ciclo de maturidade de uma tecnologia: desde o entusiasmo inicial até sua adoção prática.

“Em 2013, o aprendizado automático mal aparecia nesse ciclo, como uma promessa incerta. Dez anos depois, ele já nem é mencionado: passou a ser parte natural de nossas vidas e em seu lugar está a inteligência artificial generativa”, explicou.

Durante sua palestra, dinâmica e participativa, o gerente de Engenharia de Sistemas na Fortinet utilizou exemplos lúdicos — como o reconhecimento de animais por meio de seus atributos — para ilustrar como os algoritmos aprendem e como a IA adiciona contexto e não apenas dados.

“Não basta saber que tem orelhas compridas e rabo curto: é preciso entender se estamos falando de um coelho de verdade, de pelúcia ou de um personagem animado”, comentou entre risadas, destacando a diferença entre reconhecimento e compreensão, duas capacidades que a IA está começando a dominar.

Os atacantes também aprendem

No campo da cibersegurança, o avanço da IA tem duas faces. Por um lado, ela permite que fabricantes e especialistas detectem ameaças com mais rapidez e precisão; por outro, também ampliou as capacidades dos atacantes.

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“Os cibercriminosos estão usando inteligência artificial para criar ataques mais disruptivos, automatizar o scanner de vulnerabilidades ou elaborar campanhas de phishing muito mais convincentes”, alertou Fogelbach.

Já não se trata do clássico e-mail do “príncipe da Nigéria”, mas sim de mensagens personalizadas, geradas pela IA, que imitam o estilo de comunicação de um chefe ou colega.

Os deepfakes —imagens, áudios ou vídeos manipulados por meio de IA— representam uma nova fronteira do engano. Fogelbach contou o caso de um executivo que quase transferiu fundos após receber uma ligação falsificada com a voz de um suposto superior. “Hoje precisamos fazer perguntas que desafiem a inteligência artificial. Se a conversa não consegue lembrar algo pessoal, provavelmente não é real”, apontou. Segundo estimativas realizadas com o apoio de ferramentas de IA, a efetividade dos ataques de phishing aumentou 50% nos últimos anos graças ao uso dessas tecnologias.

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