Em dezembro de 2024, Belize, um país localizado na costa leste da América Central com uma população de mais de 400.000 habitantes, tinha uma taxa de penetração do IPv6 de apenas 4,5%. Hoje, esse número excede 55%.
O que impulsionou esse aumento significativo na adoção do IPv6?
Um fator-chave por trás desse crescimento foram os esforços de implementação liderados pela Digi, a marca da Belize Telemedia Ltd. A Digi opera a rede de telecomunicações mais extensa do país, fornecendo serviços de telefonia fixa, móvel, banda larga e soluções empresariais. A empresa detém cerca de 70% do mercado da Internet de Belize.
Para saber mais sobre as estratégias implementadas, os desafios enfrentados e as lições aprendidas durante a implementação, conversamos com Leslie Lamb, especialista sênior em operações de rede | NOC BO (Transport Backbone), quem trabalhou com o designer sênior John Quewell na FTNE-Active e com a gerente de projetos Cheryl Bosch, na Digi.
Nosso diretor de operações, Leonardo Calle, visualizou a implementação. * Cerca de dez anos atrás, realizamos testes iniciais do IPv6, embora eles estivessem limitados a um pequeno grupo de clientes da Internet. Quando o Leonardo propôs expandir a implementação, trouxemos a Simeon Company Chile, com o apoio do projeto de José Cotua.
Nossa abordagem começou na borda da rede. Como já tínhamos sessões eBGP com vários provedores de serviços de Internet, conseguimos estabelecer conectividade IPv6 por meio dessas sessões eBGP existentes. No entanto, com o suporte da Simeon, conseguimos fortalecer a segurança na borda da rede e otimizar as configurações do BGP.
Em dezembro, conduzimos uma implementação bem-sucedida em um laboratório. Após confirmar sua eficácia, expandimos a implementação para toda a rede fixa, estendendo-a aos nossos assinantes de fibra óptica para o lar (FTTH), cerca de 40 000 usuários. Esse foi o grande avanço. Como não recebemos nenhuma reclamação dos nossos clientes, procedemos com uma implementação em grande escala entre janeiro e fevereiro deste ano.
Nosso diretor de operações, Leonardo Calle, visualizou a implementação. * Cerca de dez anos atrás, realizamos testes iniciais do IPv6, embora eles estivessem limitados a um pequeno grupo de clientes da Internet. Quando o Leonardo propôs expandir a implementação, trouxemos a Simeon Company Chile, com o apoio do projeto de José Cotua.
Nossa abordagem começou na borda da rede. Como já tínhamos sessões eBGP com vários provedores de serviços de Internet, conseguimos estabelecer conectividade IPv6 por meio dessas sessões eBGP existentes. No entanto, com o suporte da Simeon, conseguimos fortalecer a segurança na borda da rede e otimizar as configurações do BGP.
Em dezembro, conduzimos uma implementação bem-sucedida em um laboratório. Após confirmar sua eficácia, expandimos a implementação para toda a rede fixa, estendendo-a aos nossos assinantes de fibra óptica para o lar (FTTH), cerca de 40 000 usuários. Esse foi o grande avanço. Como não recebemos nenhuma reclamação dos nossos clientes, procedemos com uma implementação em grande escala entre janeiro e fevereiro deste ano.
Este gráfico mostra a percentagem total de tráfego IPv4 e IPv6: o IPv4 está usando uma média de 50-55% e o IPv6 uma média de 40-45% do tráfego total.
Quantas CDN vocês têm em operação?
Temos quatro provedores de conteúdo com um total de nove CDN, todos com suporte a IPv6:
No LACNIC, incentivamos as organizações a envolverem suas diferentes equipes nas implementações do IPv6. Quantos departamentos da sua empresa estavam cientes da transição?
Antes de implementar qualquer migração ou mudança importante, sempre nos certificamos de informar todas as equipes relevantes. Na Digi, temos uma equipe de 700 funcionários distribuídos entre 10 e 14 departamentos. O departamento técnico estava totalmente ciente da implantação, assim como a equipe de vendas, embora estes não estivessem necessariamente envolvidos em todos os detalhes.
Além disso, organizamos sessões de treinamento para nossa equipe técnica de modo a prepará-los para a resolução de problemas e ajudá-los a entender o que esperar. Como eles já estavam acostumados a trabalhar com terminais de rede óptica (ONT) que suportavam apenas IPv4, era importante familiarizá-los com a transição. Recebemos recursos valiosos tanto da Simeon quanto do LACNIC.
Você pode compartilhar mais detalhes sobre as sessões de treinamento?
O treinamento incluiu inicialmente sessões introdutórias sobre o IPv6 como um todo, abrangendo o BGP e o roteamento com o IPv6. A segunda fase esteve focada especificamente em como implementar o IPv6 em uma rede de fibra óptica para o lar (FTTH). Ao realizar os testes de laboratório, enfrentamos alguns desafios, mas José da Simeon nos ajudou a superá-los. Depois de validar tudo com sucesso no laboratório, integramos o IPv6 nos nossos sistemas. Tivemos um treinamento extensivo para garantir que, quando chegasse a hora da implementação completa, tivéssemos a confiança e a experiência para executá-la com sucesso.
Além disso, Simeon certificou-se de que entendêssemos cada etapa e nos sentíssemos confortáveis com a transição.
Quais foram os principais desafios enfrentados?
Um dos maiores desafios foi a integração com o BNG da CISCO. Encontramos um problema de configuração que, embora resolvido com sucesso, causou um atraso no projeto.
Configuramos um servidor DNS e DHCP independente em uma nuvem local. Esses componentes serão totalmente integrados aos seus ambientes de produção DNS e DHCP nos próximos meses.
Que recomendações você daria a outras empresas que buscam implementar o IPv6?
Como o IPv6 era novo para nós, meu principal conselho é trabalhar com uma empresa ou organização que tenha experiência no IPv6. Isso faz uma grande diferença.
No passado, os dados móveis e os serviços de voz eram nossas principais fontes de renda. No entanto, como vocês podem imaginar, as coisas mudaram, e a Internet fixa (fibra óptica para o lar, FTTH) agora é nossa principal fonte de renda. Portanto, garantir que tudo corresse bem era uma prioridade máxima. Nossos clientes confiam em nós, por isso garantimos que nada afetasse negativamente sua experiência durante a implementação.
Leslie tem se envolvido ativamente na comunidade da Internet, participando de eventos do LACNIC no Panamá e no Peru. Uma das coisas que mais destacou foi o apoio e a motivação do LACNIC, que encorajou a empresa a seguir em frente com a implementação do IPv6. No entanto, na época, a empresa tinha algumas preocupações sobre possíveis interrupções no serviço. “Nós realmente agradecemos o incentivo que o LACNIC dá aos provedores de Internet. Depois de ter os profissionais certos orientando você, não é tão difícil quanto parece”.
E se isso não bastasse, o próximo grande passo da Digi será implantar o IPv6 em sua rede móvel.
No LACNIC oferecemos recursos e treinamento sobre o IPv6. Convidamos você a conhecê-los.
*Durante o LACNIC 38 em Santa Cruz, Bolívia, a equipe do LACNIC se reuniu várias vezes com Leonardo para discutir os detalhes da implementação do IPv6.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.
