Se você procura um panorama do cenário das telecomunicações na América Latina rumo a 2026, basta observar o que está acontecendo no Brasil. Sendo a maior economia regional, o mercado das telecomunicações do Brasil influencia a direção dos mercados regionais, e há muito a considerar.
Usando nossos próprios dados e análises, e com informações de nossos contratos do setor das telecomunicações na América Latina, resumimos o que você precisa saber sobre o setor das telecomunicações no Brasil, com foco em 2026.
Continue a leitura para saber mais sobre:
O rápido crescimento dos centros de dados em todo o Brasil, principalmente os centros emergentes; e fatores determinantes como energia confiável, incentivos governamentais e proximidade dos cabos submarinos.
Erosão de preços no mercado atacadista brasileiro de conectividade backbone e trânsito IP.
A crescente importância da soberania digital na infraestrutura de redes e considerações sobre o roteamento diversificado de cabos submarinos e soluções alternativas de conectividade via satélite.
Mais centros de dados em mais locais
De acordo com nossa plataforma Serviço de pesquisa de centros de dados, o Brasil abriga atualmente 112 centros de dados. Mas esse número está crescendo rapidamente, com diversas empresas planejando abrir novas instalações em um futuro próximo.
Mapa dos atuais centros de dados no Brasil. Fonte: Serviço de pesquisa de centros de dados de TeleGeography
(Acesso livre, não requer assinatura)
Muitos dos centros de dados planejados no Brasil serão criados em um local já conhecido: São Paulo. Historicamente, a região metropolitana de São Paulo tem servido como um hub para os centros de dados, e a conectividade relacionada, no Brasil e na América Latina. Prevemos que isso não vai mudar em um futuro próximo. Mas, à medida que a carga de trabalho na rede de São Paulo continua aumentando, outras cidades estão disputando investimentos para descentralizar parte do crescimento esperado no país.
Fora de São Paulo, Fortaleza tem se destacado como um local cada vez mais atraente para a construção de novos centros de dados. Os contatos com quem conversamos observaram que vários fatores ajudam a explicar isso, entre eles uma rede de energia confiável, incentivos governamentais e a proximidade com vários cabos submarinos.
Outra cidade que tem sido mencionada repetidamente é Porto Alegre. Isso acontece depois que a Meta e a V.tal anunciaram planos para estender o sistema Malbec até lá. De acordo com o mapa de cabos submarinos de TeleGeography, este seria o primeiro sistema submarino a chegar em Porto Alegre, impulsionando potencialmente novos investimentos em centros de dados em toda a área circundante.
Muitos dos centros de dados planejados no Brasil serão criados em um local já conhecido: São Paulo. Historicamente, a região metropolitana de São Paulo tem servido como um hub para os centros de dados, e a conectividade relacionada, no Brasil e na América Latina. Prevemos que isso não vai mudar em um futuro próximo. Mas, à medida que a carga de trabalho na rede de São Paulo continua aumentando, outras cidades estão disputando investimentos para descentralizar parte do crescimento esperado no país.
Fora de São Paulo, Fortaleza tem se destacado como um local cada vez mais atraente para a construção de novos centros de dados. Os contatos com quem conversamos observaram que vários fatores ajudam a explicar isso, entre eles uma rede de energia confiável, incentivos governamentais e a proximidade com vários cabos submarinos.
Outra cidade que tem sido mencionada repetidamente é Porto Alegre. Isso acontece depois que a Meta e a V.tal anunciaram planos para estender o sistema Malbec até lá. De acordo com o mapa de cabos submarinos de TeleGeography, este seria o primeiro sistema submarino a chegar em Porto Alegre, impulsionando potencialmente novos investimentos em centros de dados em toda a área circundante.
Outras cidades brasileiras que ouvimos mencionar incluem Recife, Natal, Manaus e Brasília. Ao avaliar locais potenciais para expansão da rede, são considerados fatores como a disponibilidade de energia, o impacto ambiental e a proximidade com estações de ancoragem de cabos submarinos.
Erosão dos preços do transporte e do trânsito IP
Outro assunto ao qual temos dado atenção é uma questão já conhecida: a erosão dos preços.. Especificamente no mercado atacadista, o custo da conectividade de backbonecaiu drasticamente no Brasil. Isso é observado especialmente em grandes mercados como São Paulo, onde a forte concorrência e a oferta abundante têm levado à queda dos preços nos últimos anos.
Preços médios ponderados de comprimentos de onda de 100 Gbps e diminuição da TCAC em rotas globais
Na figura acima, você pode ver os preços da nossa base de dados de preços de comprimentos de onda para ajudar a visualizar esse ponto. Cada barra representa o preço médio ponderado mensal de arrendamento para comprimentos de onda de 100 Gbps em rotas selecionadas ao redor do mundo, com as bolhas vermelhas mostrando a erosão dos preços de 2022 a 2025. À esquerda está a rota Miami-São Paulo, em que o preço médio ponderado para 100 Gbps foi de US$ 10400 no segundo trimestre de 2025, uma queda de 22% desde 2022. Recentemente, ouvimos cotações ainda mais agressivas, com alguns contatos relatando valores tão baixos quanto US$ 5000 para 100 Gbps nessa rota principal entre o Brasil e os Estados Unidos.
Assim como no transporte, os preços de trânsito IP também se tornaram extremamente competitivos no Brasil. Em geral, os operadores anunciam preços fixos nos três principais hubs de conectividade do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. E em todos esses mercados, fomos informados de que os preços caíram para até US$ 0,10/Mbps para uma porta 10 GigE.
Segundo nossa base de dados de preços de trânsito IP, o preço médio ponderado para uma porta 10 GigE em São Paulo era de US$ 0,30/Mbps no segundo trimestre de 2025. Compare-se com o preço de cinco anos atrás, quando o preço médio ponderado para uma porta em São Paulo com a mesma capacidade era de US$ 1,04/Mbps. Isso representa uma taxa de erosão de 22%, acumulada anualmente durante esse período.
A influência da geopolítica na conectividade
Seja no Brasil ou em qualquer outro lugar, o tema da soberania digital continua surgindo. No que diz respeito à infraestrutura de rede, destacam-se dois temas principais:
Cabos submarinos
Satélites
Mais especificamente, as partes interessadas do setor estão discutindo opções para um roteamento diversificado de sistemas submarinos e alternativas às soluções de conectividade via satélite baseadas nos EUA.
Mapa dos sistemas de cabos submarinos existentes e planejados que ligam o Brasil à África e à Europa. Fonte: submarinecablemap.com
Historicamente, a conectividade internacional do Brasil tem sido com os Estados Unidos. No entanto, diversos sistemas submarinos oferecem opções variadas, incluindo EllaLink, SACS, SAIL e o projeto Waterworth planejado que, embora ainda precise de uma estação de ancoragem nos EUA, criaria uma rota inédita entre o Brasil e África do Sul. As atuais tensões geopolíticas levaram muitos na indústria de telecomunicações a reconsiderar quem detém a infraestrutura subjacente, a quais países se conecta e como mitigar qualquer risco potencial.
Assim como acontece com os cabos submarinos, aqueles interessados em conectividade via satélite têm questionado cada vez mais quais opções existem para atender aos objetivos de soberania de dados de um país determinado. Grande parte dessa atenção é focada nos satélites em órbita terrestre baixa (LEO), onde as únicas constelações comerciais ativas são a Starlink, com sede nos Estados Unidos, e OneWeb, da Eutelsat, una empresa europeia.
Uma conversa comum que ouvimos sobre satélites começa com a pergunta: “como podemos conectar os desconectados?” A resposta a esta pergunta, em termos de segurança de dados e gestão de infraestrutura, pode se tornar complexa em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil.
Mapa dos países onde os serviços Starlink estão atualmente disponíveis comercialmente. Fonte: Base de dados GlobalComms de TeleGeography.
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.