“O mundo se conecta à Internet através dos oceanos”
08/10/2020
Os cabos submarinos têm um papel importante na infraestrutura global da Internet, e hoje há em torno de 406 sistemas de cabos submarinos operativos no mundo, informou Rogerio Mariano, diretor de Network Edge Strategy at Azion Technologies, durante sua dissertação no LACNIC 34 LACNOG 2020.
Em sua apresentação titulada “Jules Verne e as Vinte Mil Léguas de Cabos Submarinos: Uma verdadeira história sobre cabos submarinos”, Mariano considerou que os cabos submarinos são uma “maravilhosa obra de engenharia”.
Sinalizou que hoje 99% do mundo está conectado à Internet através dos cabos submarinos e apenas 1% por meio de satélites. “O mundo se conecta através dos oceanos”, afirmou Mariano. Vinte e cinco anos atrás, em 1995 a relação de tráfego da Internet era metade submarina e metade via satélite: os cabos submarinos transmitiam 50% e os satélites 50%.
Na sua apresentação, apontou que estão se realizando cerca de 100 mil quilômetros de extensão de cabos submarinos ao ano, com uma vida útil de 25 anos. O custo de investir em um cabo intercontinental oscila em um bilhão de dólares.
A instalação de um cabo envolve muitos fatores geopolíticos, assim como a análise de interconectividade e de recursos financeiros. “O que esse cabo vai conectar, quais nações, qual população, a penetração da Internet desses países. Haverá também algum retorno? A escala de tempo: Quando começará a funcionar o cabo? O valor de uma rede de comunicação é proporcional ao número de usuários que acessará o sistema”, acrescentou o especialista.
A outra parte complexa dos cabos é a questão regulatória e a geopolítica. “ O direito de passar por um lugar ou por outro, o impacto ambiental que pode gerar, as áreas econômicas exclusivas, regiões de pesca, regiões mais ativas, temas operativos da marinha, permissões, autoridades municipais e locais. Há muitos fatores envolvidos”, ponderou.
Disse também que há muita diferença de velocidade entre as conexões mediante cabos submarinos e conexões via satélite. Esclareceu que a engenharia do satélite é diferente, mas que, por exemplo, a tecnologia de satélite possui durabilidade de cinco anos, enquanto que as de cabo duram 25 anos, e a velocidade fotônica faz com que a velocidade de transmissão dos cabos aumente.
Compartilhou links com mapas globais sobre os cabos existentes no mundo (https://www.submarinecablemap.com/ e https://submarine-cable-map-2020.telegeography.com/) , e mais um exclusivo para a região da América Latina e Caribe (https://latin-america-map-2019.telegeography.com/).
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.