Desafio IPv6: “Na Venezuela as coisas podem ser bem feitas”
29/11/2018
Por seu projeto de plano de implementação de IPv6 na Venezuela, a Inter (Corporação Telemic) foi distinguida por LACNIC com o segundo prêmio no Desafio IPv6.
O trabalho de implementação do IPv6 da Inter começou no core de sua rede e agora o está espalhando entre os 300.000 clientes finais das diferentes cidades venezuelanas.
O responsável pelo desenvolvimento, planejamento e configuração do projeto foi Geraldo Nakabe (chefe de operações IP da Inter) e Luis Velazco (engenheiro de operações IP da Inter), e contou com o apoio de toda a equipe de operações IP, bem como da gerência de operações e da vice-presidência de operações e engenharia da Inter.
Em diálogo com LACNIC News, Nabake ressaltou que a distinção do trabalho da Inter no concurso destinado a promover a implementação do IPv6 na região permitiu demonstrar que na Venezuela “as coisas podem ser bem feitas”.
Que aprendizados destacaria da sua participação no Desafio IPv6 e qual foi a iniciativa da Inter pela qual vocês foram premiados?
A nível técnico, a aprendizagem foi muito valiosa, gratificante e acima de tudo agradável e divertida. Quando a gente desfruta do trabalho, os resultados são sempre positivos. A iniciativa consistiu em fazer uma implementação do IPv6 no core da rede da Inter como um primeiro passo para avançar para a implementação total para mais de 300 mil assinantes em todo o país. Sabemos que o caminho não é muito simples e ainda a muito a fazer, mas temos a confiança que vamos conseguir. Com este projeto conseguimos ter operatividade dual stack ( IPv4 e IPv6) nas 19 cidades maiores da rede da Inter.
Nós ficamos muito felizes com este prêmio e achamos que é um acréscimo muito importante, pois pudemos demonstrar que na Venezuela as coisas podem ser bem feitas e que temos pessoas muito valiosas e bem preparadas que acreditam no país e contribuem, nem que seja com um grão de areia para uma melhor Venezuela.
Que avanços no IPv6 sua equipe implementou no ISP com base nessa iniciativa?
No momento, estamos trabalhando em testes para iniciar as configurações nas cidades onde temos dual stack, bem como as respectivas configurações IPv6 nos servidores DNS de testes. Além disso, temos servidores de conteúdo do Google, Facebook e Akamai, que têm sessões de BGP no IPv4, e em breve faremos as configurações do BGP para IPv6.
Como é a situação da implementação do IPv6 na Venezuela?
Em termos gerais, a situação da implementação do IPv6 na Venezuela é relativamente baixa, poucos prestadores de serviços nacionais implementaram o IPv6 em suas redes, sendo semelhante a situação no setor acadêmico, com exceção de algumas teses de graduação e algumas implementações locais com iniciativas privadas.
Quais são as principais dificuldades – administrativas e técnicas – que vocês enfrentaram para implementar o IPv6?
As principais dificuldades são de natureza econômica e administrativa, dados os controles do governo para acessar moeda estrangeira. Isso, por sua vez, traz dificuldades técnicas, já que é muito difícil fazer alterações nos equipamentos, modernização de plataforma, compra de licenças, peças de reposição e contratos de suporte técnico. Para nós, uma das maiores dificuldades tem a ver com a ativação de licenças nos servidores de provisionamento para ter a funcionalidade IPv6 em nível nacional.
Você acha que na Venezuela e na América Latina existe uma consciência real do esgotamento dos endereços IPv4 e da necessidade de recorrer ao IPv6 para manter o crescimento da Internet e conectar os não-conectados?
Há conhecimento sobre o esgotamento dos endereços IPv4, mas mesmo quando se trata de uma questão bem conhecida, é necessária uma maior conscientização das repercussões futuras e o risco para os operadores de serviços de ficarem fora do negócio devido ao crescimento global sustentado e à expansão da IoT, mesmo quando a NAT adiou o processo de esgotamento dos endereços IPv4, ainda há tempo para ajustar as redes às mudanças que virão.
Equipe de Operações IP da Inter, da direita para a esquerda (Rafael Aguilar, David López, Alejandro de La Torre, David Schibli, Luis Velazco, Felipe Rodriguez, Geraldo Nakabe, Norberto Pérez e Leonardo Zambrano)
As opiniões expressas pelos autores deste blog são próprias e não refletem necessariamente as opiniões de LACNIC.